A Polícia Federal vasculhou, em São José dos
Campos, a empresa Fotogeo e as residências de seus sócios. Já no Rio de
Janeiro, o alvo é a empresa Jan de Nul. A suspeita é de que houve fraude
na licitação para a contratação da dragagem do porto de Itaqui (MA). Segundo
a PF, a obra de dragagem de aprofundamento do P-100 ao
P-104 do Porto de Itaqui foi executada pela Empresa Jan de Nul de 18 de
dezembro de 2014 a 13 de março de 2015, com o custo total de R$
62.127.990,92. A fiscalização ficou a cargo da Empresa Fotogeo, com o
custo de R$ 1.528.658,36.
“A
investigação teve início com as declarações de um ex-funcionário da
Emap, empresa estadual que administra o Porto de Itaqui em São Luís. O
ex-funcionário declarou que apesar de ocupar a função de gerente de
Projetos, cargo no qual deveria acompanhar a execução da obra, o
andamento da obra foi deliberadamente omitido do ex-funcionário, com o
possível objetivo de ocultar fraudes", afirmou a PF em nota.
“A
responsabilidade pela execução dos contratos (execução da obra e
fiscalização) coube ao coordenador de projetos, enquanto que o gestor do
contrato foi o diretor de Engenharia da Emap. A fiscalização da
execução da obra de dragagem se deu através do processo de batimetria,
que consiste na medição das profundidades dos mares e lagos por meio de
referenciação por ultrassons”.
A
PF afirma que “sem o processo de batimetria não é possível fiscalizar
adequadamente a execução da obra, já que a análise envolve a topografia
antes, durante e após a execução”. A realização do processo de
batimetria apenas após a execução, diz a investigação, não permite
verificar quantos metros cúbicos de sedimentos foram efetivamente
dragados.
Segundo
declarações do ex-funcionário e indícios colhidos durante a
investigação, a Fotogeo não estava realizando a batimetria, mas apenas
copiando os dados fornecidos pela própria empresa responsável pela
execução da obra, Jan de Nul, e esses fatos eram de conhecimento do
coordenador de projetos e diretor de engenharia.
Há
indícios de fraudes na obra de dragagem, como a ausência de
fiscalização (batimetria) pela empresa Fotogeo, a aparente manipulação
durante a apuração dos fatos referentes à fiscalização e o sobrepreço
dos custos de mobilização, desmobilização e da obra.
O
custo de mobilização/desmobilização da obra foi de R$ 32 milhões,
enquanto que o custo da obra em si foi de R$ 28 milhões, ou seja, o
custo da mobilização/desmobilização foi superior ao da própria obra.
A
Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) informa que, na
última quarta-feira, houve o cumprimento de um mandado de busca e
apreensão, referente ao processo de dragagem realizado pela empresa Jan
De Nul do Brasil e serviço de batimetria realizado pela empresa Fotogeo.
“A decisão judicial refere-se a fatos que remontam ao ano de 2009,
ainda em debate administrativo no âmbito do Governo Federal”.
Os
serviços foram concluídos e a batimetria foi homologada pela Marinha do
Brasil. A Emap afirma que colabora com a investigação. A
Fotogeo afirma que “os serviços previstos no processo licitatório da
Emap foram executados e concluídos, conforme especificações técnicas
exigidas, em atendimento as necessidades previstas em projeto. Afirmamos
também que a batimetria foi encaminhada para a Marinha do Brasil, a
qual homologou o serviço executado”. A Fotogeo também reitera que colabora com as investigações da operação Draga para que sejam prestados todos os esclarecimentos.
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