A Concessionária Porto Novo decidiu interromper, a partir desta
quarta-feira (5), os serviços de manutenção urbana e obras prestados na
zona portuária do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada na segunda-feira
(3) por seu conselho administrativo, por falta de pagamento do poder
público. A prefeitura garante que vai assumir provisoriamente os
serviços.
Além da execução de obras de urbanização, a Porto Novo é
responsável pela limpeza urbana, poda de árvores, manutenção da
iluminação pública, ruas e calçadas, drenagem, conservação de monumentos
históricos e pontos turísticos. Apenas o monitoramento do tráfego nos
túneis Marcelo Allencar e Rio 450 Anos será mantido.
"A decisão
foi motivada pelo não pagamento, pelo poder concedente, das
contraprestações mensais – única fonte de recursos da concessionária – e
pela indefinição a respeito da regularização desses pagamentos", diz a
nota da Porto Novo, que é um consórcio entre as construtoras OAS,
Odebrecht e Carioca Engenharia.
Os repasses à concessionária não
são feitos desde janeiro, quando a administração do prefeito Marcelo
Crivella passou a se opor ao uso de recursos municipais para
garanti-los. "Isso é contra os interesses do município, do Tesouro
municipal. Estou falando de uma operação que equivale a 1,5% da receita
anual do município", diz o presidente da Companhia de Desenvolvimento
Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Antônio Barbosa.
A
companhia foi criada pela prefeitura para gerir o desenvolvimento do
porto e é o poder concedente da parceria público privada com a
concessionária. A Cdurp estima que a concessionária deixou de
receber R$ 90 milhões neste mês. Se o repasse fosse feito ao longo de
todo o ano, o município gastaria mais de R$ 200 milhões, segundo
Barbosa.
Em nota divulgada na manhã de hoje, a Cdurp informa
estar negociando com a Caixa Econômica Federal (Caixa) para buscar uma
solução para o equilíbrio financeiro da parceria público privada (PPP),
que foi assinada para vigorar por 15 anos, até 2026.
O
planejamento inicial da revitalização da zona portuária do Rio de
Janeiro previa que a concessionária deveria receber verba para a
prestação dos serviços e obras através da venda de Certificados de
Potencial Adicional de Construção (Cepacs) por parte da Caixa Econômica
Federal, que comprou certificados referentes à região portuária,
emitidos pela prefeitura.
Esses certificados permitem
empreendimentos imobiliários acima do limite de andares previsto
legalmente, e a venda desses direitos à iniciativa privada alimenta o
Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM), criado para
garantir a revitalização da região. Desse fundo, sairiam os recursos
para a Concessionária Porto Novo, mas, em maio de 2016, o fundo declarou
iliquidez - indisponibilidade de recursos para transferir - e suspendeu
os pagamentos até junho de 2018, segundo a Cdurp.
A situação
levou a administração do então prefeito Eduardo Paes a assinar dois
termos aditivos no contrato de parceria público privada da Cdurp com a
Concessionária Porto Novo. A partir dos novos acordos, a prefeitura
teria que usar recursos próprios para garantir que o fundo continuasse a
financiar as obras e serviços de manutenção executados pela
concessionária. O primeiro dos aditivos foi assinado em julho, e o
segundo, em 28 de dezembro.
Barbosa informou que enviou o último
aditivo para o Tribunal de Contas do Município e questiona sua validade.
"Esse documento é nulo. Foi feito sem previsão orçamentária, não tem
recursos no orçamento, e foi feito no apagar das luzes, em 28 de
dezembro", diz ele, atribuindo a responsabilidade pelo pagamento à
Caixa.
"O fundo não tem liquidez. E o problema é que ele tem que
ter. Eles têm um compromisso assinado. Há seis anos eles sabiam qual era
o desembolso que tinham que fazer mensal e anualmente durante 15 anos.
Isso não é do desconhecimento deles".
A Caixa, por sua vez,
divulgou nota informando que está em dia com os compromissos do fundo e
que a responsabilidade pela Área de Especial Interesse Urbanístico da
Região do Porto - AEIU, criada pela Lei Complementar Municipal nº
101/2009, foi atribuída à Cdurp.
O banco estatal destaca ainda
que seus fundos não têm participação nos serviços que são objeto da
parceria público privada. A Caixa reforçou que o último termo aditivo do
contrato, assinado em dezembro, prevê que a Cdurp é a responsável pelo
pagamento das contraprestações públicas mensais, que custeiam os
serviços da concessionária.
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