Pelo menos 10
mil contêineres deixaram de ser carregados em navios que passaram pelo
Porto de Santos desde a redução do calado operacional (fundura máxima
que as embarcações podem atingir quando totalmente carregadas) do cais
santista, há duas semanas. Com isso, os prejuízos já superaram a marca
de US$ 23 milhões, o equivalente a R$ 73,8 milhões.
Até
o último dia 30, o calado operacional do Porto de Santos era 13,2
metros. Mas, por conta do assoreamento (deposição de sedimentos), no
trecho 1 do canal de navegação, as autoridades portuária e marítima
foram obrigadas a restringir a navegação para navios com até 12,3 metros
de calado.
Uma semana depois, e após
esforços de dragagem na região que vai da Barra de Santos até o
Entreposto de Pesca, houve uma pequena recuperação da profundidade.
Desde então, navios até 12,6 metros de calado estão autorizados a
trafegar pelo canal de navegação.
A
estimativa é dos prejuízos causados pela medida é do Sindicato das
Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), que
leva em conta os contêineres que já estavam nos terminais e deixaram de
ser embarcados.
Mas,
segundo a entidade, os prejuízos podem ser ainda maiores, já que alguns
armadores e exportadores não revelam o problema, por questões comerciais
e estratégicas. “Tivemos
um navio que atracou em Itaguaí e Sepetiba e teve que efetuar 800
remoções para descarregar os contêineres de Santos, o que dobra o custo
das despesas. Os navios de carga à granel, também, foram afetados e
tiveram que reduzir os seus carregamentos”, destacou o diretor-executivo
do Sindamar, José Roque.
Na
última sexta-feira, após uma dragagem pontual, o calado passou de 12,3
metros para 12,6 metros. Mesmo assim, esses 30 centímetros não são
suficientes para reduzir os prejuízos dos usuários do cais santista.
Segundo
dados do Sindamar, a cada centímetro a menos de calado, deixa-se de
embarcar entre sete e oito contêineres. Com a redução atual, isso
representa uma perda de carregamento de até 720 caixas metálicas ou 5
mil toneladas de carga por viagem.
De
acordo com Roque, por conta da passagem não prevista em outros portos,
somam-se, ainda, custos extras com combustível, atracação, serviço de
praticagem e rebocadores, onerando mais ainda as operações e elevando os
prejuízos.
“Apesar dos
elevados investimentos efetuados pelos armadores com novas gerações de
navios maiores e modernos, pela limitação do calado, é necessário
efetuar cortes nos carregamentos e rever as suas alocações de
fechamentos de cargas, implicando em perda de receita do frete marítimo,
bem como para os terminais”.
Para
o representante das agências de navegação, o governo deveria investir
em formas para garantir a continuidade da obra. Uma possibilidade
apontada pelo executivo é a utilização do Fundo de Marinha Mercante para
a aquisição de uma draga. Assim, a Autoridade Portuária ficaria livre
de processos licitatórios para a contratação da dragagem.
“O
Sindamar tem reclamado com frequência sobre a falta de autonomia no
Porto de Santos, o que inibe qualquer ação dos gestores, já que as
decisões estão centralizadas distantes do maior porto do Hemisfério Sul,
e em muitas das vezes, sem o conhecimento dos problemas locais. Isso
não se refere somente na dragagem, como também nos acessos terrestres e
ferroviários”, destacou.
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