A Maersk Line deixou de embarcar 220 contêineres, o equivalente a sete
mil toneladas, por navio que precisa operar com calado acima do limite
atual de Santos. O armador precisou reduzir a carga de cinco embarcações para poder trafegar pelo complexo portuário santista.
O motivo da perda de calado é o assoreamento que,
desde o final de junho, reduziu a profundidade do canal de acesso ao
porto, que era de de 13,20 metros, chegou a 12,30 metros e agora é de
12,60 metros. O primeiro navio da companhia que enfrentou esse problema
não pode ser totalmente carregado. Desde então, o armador tem ajustado a
aceitação de carga, tendo que se comprometer com menos carga do que
estava programado.
Há clientes que já estavam com exportação prevista e estão tendo
que esperar uma ou duas semanas para conseguir embarcar. Como a Maersk e
demais armadores com navios de porte parecido enfrentam esse problema,
os terminais de Santos estão abarrotados de carga. Tradicionalmente essa
é a época do ano em que os navios de exportação estão mais cheios. Para
a Maersk, a solução a ser feita no curto prazo é a dragagem emergencial
para que o porto volte a ter as condições que tinha anteriormente.
A empresa aponta a necessidade de o porto ter estrutura eficiente e
tomar decisões de maneira rápida e segura, sempre pensando como
destravar esses gargalos. O diretor de trade e marketing da
Maersk Line para costa leste da América do Sul, João Momesso, explicou
que os navios já foram pensados com restrição dos portos dessa região,
que abrange Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele relatou que um
navio veio da Ásia com volume de carga configurado para o calado
anterior de Santos e não teria como entrar no porto devido à redução do
calado avisada com o navio já em curso.
A companhia precisou fazer uma escala extra no Porto de Itaguaí para
descarregar alguns contêineres e aliviar o peso. Com isso o navio ficou
mais leve e conseguiria entrar no Porto de Santos. "O problema é que,
como foi escala emergencial, não é possível escolher quais os
contêineres vão ser descarregados. Isso acabou causando transtorno muito
grande nos importadores. A carga teve que ser conectada em outro
navio", contou Momesso.
Alguns usuários que gostariam de exportar não encontram espaço na
medida em que os concorrentes também enfrentam esse problema. Já os
armadores, ao perder receita, restringem a aceitação de carga e repassam
de certa forma o custo no frete. E o consumidor final acaba pagando
porque o custo é absorvido pela cadeia. Para a Maersk, é preciso tomar
cuidado para não prejudicar a recuperação gradativa das exportações
brasileiras. A empresa ressalta que os armadores fazem planejamento de
longo prazo. "Cada vez que acontece problema como esse em Santos, temos
que repensar qual nosso cenário de risco e estresse", afirma Momesso.
O canal de acesso ao Porto de Santos, antes do problema, estava com
13,2 metros, podendo atingir 14,2 metros com a maré. Momesso ecplica
que a geração de navios hoje trazidos para o Brasil essa profundidade é
boa para trabalhar. A questão é como garantir que 13,2 metros seja um
calado sustentável que não tenha que ser revisto toda hora. Ele diz que,
nesse momento, não está na pauta trazer navios maiores para o país, até
pela questão da economia brasileira. "Num cenário hipotético, com
economia voltando a crescer em níveis maiores existe discussão se navios
maiores serão trazidos para costa brasileira. E 13,2m certamente inibe
qualquer plano de aumento de tamanho", afirma.
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