A indústria perdeu participação na geração de riqueza na economia
da maioria dos Estados entre 2010 e 2013. Das 27 unidades da Federação, a
fatia da produção industrial no Produto Interno Bruto (PIB) estadual
recuou em 23 Estados. Nesse período, a indústria conseguiu ampliar
participação no PIB apenas em quatro unidades da Federação: Amapá,
Maranhão, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
No Rio de Janeiro e no Espírito Santo, o avanço ocorreu por causa da indústria
de óleo e gás que nesse período estava em alta. No caso do Maranhão e
do Amapá, o motivo é a diversificação da produção, antes concentrada na
construção, que se expandiu para metais, alimentos e vestuário.
Essa foi a fotografia da indústria nacional revelada em um estudo
inédito feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Por meio de
uma ferramenta interativa na internet, os técnicos da CNI traçaram um
detalhado perfil do setor em cada Estado, reunindo informações
importantes, como valor da produção, trabalhadores empregados, salário
médio, principais segmentos e fatia no PIB nacional e estadual, por
exemplo.
"A perda na relevância da indústria de forma tão disseminada é
reflexo da deterioração da competitividade de toda a economia
brasileira", afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.
Renato Fonseca, gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI,
ressaltou que, em função da crise, na próxima edição do estudo, com dados
de 2014 apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a queda da indústria no PIB deve atingir todos os Estados. "A
perda de participação vai se aprofundar", previu.
O economista ponderou que, nesta primeira edição, o período
analisado é curto - três anos - porque o IBGE mudou os critérios de
apuração da produção industrial, o que não permitiu o encadeamento dos
dados numa série mais longa, que daria um retrato mais nítido do setor.
De toda forma, a perda da força da indústria é inquestionável. "A
velocidade que a indústria perdeu participação no PIB foi muito rápida",
observou Fonseca. No fim da década de 80, a indústria respondia por 46%
do PIB. "Foi o pico de participação", lembrou o economista. No fim da
década de 90, tinha recuado para 25% e, em 2015, estava em 22,7%. Os
dados incluíram a indústria extrativa, de transformação, construção civil e
serviços industriais.
A perda da força da indústria ocorreu por vários fatores. Fonseca
argumentou que existe um fator comum a todos os países, que é o avanço do
setor de serviços, como ocorreu no passado, quando a indústria tirou o
protagonismo da agricultura na economia. Além disso, com o movimento das
cadeias globais de produção e a terceirização da fabricação, os
serviços ganharam fatias no PIB em detrimento da indústria.
No entanto, o economista destacou que a perda de competitividade da
indústria nacional explica boa parte da forte retração do setor no PIB.
Segundo ele, uma parcela do recuo na competitividade da indústria está
localizada dentro das próprias fábricas, afetadas pelo baixo nível de
investimentos. Os empresários, disse ele, têm de investir em inovação para
recuperar competitividade. Também devem se preocupar com a gestão e com
a qualificação dos trabalhadores. Mas fazer investimentos de peso é
complicado, especialmente quando não há previsibilidade na economia.
A outra parcela responsável pela perda de competitividade, na
opinião do economista, está fora da indústria e é o chamado "custo
Brasil". É um conjunto de fatores que emperram e oneram a produção, como
o excesso de burocracia, o grande número de tributos, legislação
complicada, sem contar com as deficiências na infraestrutura e na
logística. A combinação desses fatores faz com que a indústria tenha
dificuldade para competir com o resto do mundo, ressaltou Fonseca. "Ela não
consegue exportar nem enfrentar a concorrência dos importados dentro do
País", explicou o economista, lembrando que a valorização do real é a
cereja do bolo.
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