O Comércio Exterior é considerado atividade “estratégica” para o futuro governo de Michel Temer, que deverá substituir Dilma Rousseff na presidência da República a partir dessa quinta-feira. Contudo, para conquistar um novo patamar nas exportações e importações, o país precisa
superar os gargalos na infraestrutura logística, o que pode acontecer com os
investimentos previstos em projetos oficiais, mas até agora não traduzidos em resultados.
A
pauta vem sendo discutida inclusive entre os portos delegados do
Brasil, porém para uma “flexibilização da atual lei dos portos” que
deixou muito mais centralização
do que unificação. “É preciso dar maior celeridade nas licitações das
áreas portuárias, permitindo investimento do setor privado e aumentando a
movimentação e faturamento dos portos”, defendeu a diretora-presidente
da Companhia Docas da Paraíba, Gilmara Temóteo.
A questão
alfandegária tem sido um dos principais temas abordados nas reuniões
envolvendo todas as autoridades portuárias do país, que também trabalham
em um projeto para implantação de um plano nacional de modernização dos
portos.
Aproveitando a mudança e as novas oportunidades, os
processos e ações para incrementar o Comércio Exterior são primordiais
para que esse papel possa ser exercido em sua plenitude. Novos acordos
por exemplo, seriam uma solução para o incremento das exportações brasileiras.
Na
opinião de Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), novos
acordos comerciais e mega- acordos regionais buscam coerência e
convergência regulatória, “o que representa grandes desafios para o
processo de integração comercial na América do Sul”.
Para Milton
Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, o resultado
dessa “política equivocada” é que a participação dos EUA no total das
exportações brasileiras caiu de 25,7% em 2002 para 6% em 2014. “Como
reverter essa situação? Além de excluir a influência político-partidária
da questão comercial, é preciso, em poucas palavras, acabar com esse
isolamento, reduzindo o custo Brasil para incentivar as exportações. Ou
seja, é preciso diminuir a carga tributária, melhorar a infraestrutura
logística e praticar isonomia nos incentivos fiscais”.
Os
investimentos em infraestrutura também são, além da redução da
burocracia, ponto de extrema importância para reorganizar e superar um
dos tão falados gargalos existentes na infraestrutura logística
brasileira. Embarcações cada vez maiores trazem consigo a necessidade de
calados e acessos cada vez melhores, porém apesar de algumas empresas
baterem nessa tecla, o cenário ainda se mostra muito adverso.
Além
disso, os investimentos no setor de infraestrutura parecem estar cada
vez mais “congelados”, tanto que a ABDIB (Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base) já defende um novo modelo – que
será apresentado ao governo para “destravar investimentos”.
Na
opinião do economista e presidente da associação Venilton Tadini, é
preciso tratar de problemas que afastaram investimentos no setor nos
últimos anos. Para ele, o Brasil perdeu a capacidade de planejar e
passou a viver de espasmos, fazendo licitações aqui e acolá, sem uma
lógica de integração nacional.
"Numa concessão de rodovia, por exemplo, é
preciso mostrar as vantagens, a redução do frete, para onde vai, etc.
Tem de justificar que não sai do nada e vai para lugar nenhum", apontou.
O
problema não para por aí: burocracia excessiva, portos saturados,
infraestrutura de acessos, custos portuários altíssimos, demora na
liberação de cargas e tantos outros que já conhecemos e vivenciamos. O
que a gente espera é que com mudança ou não de governo o país possa
voltar a ser competitivo, que a economia volte a crescer e que o
otimismo volte a reinar, mas por motivos efetivos.
O Brasil passa
por um momento muito difícil e, como todos sabemos, é necessário fazer
ajustes o quanto antes. No segmento de operações logísticas não é
diferente. Todas as empresas estão focadas em reduzir seus custos e
otimizar seus processos.
No entanto, os grandes desafios continuam
sendo, entre outros, a carência de uma infraestrutura eficiente, as
mudanças fiscais e as regulamentações, que criam uma dificuldade ainda
maior para que possamos inovar e brindar nossos clientes com excelência
operacional”, disse Gustavo Paschoa, diretor comercial e de vendas da
Panalpina Brasil.
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