O aumento momentâneo de exportações para Argentina, Chile, Colômbia
e Peru levou a Renault do Brasil a anunciar, na segunda-feira, a
contratação de 550 trabalhadores para a fábrica de São José dos Pinhais
(PR). Por enquanto, os contratos são temporários, por seis meses, para
atender pedidos de 8 mil unidades dos modelos Sandero, Logan e Duster
Oroch. A produção será ampliada de 43 para 60 carros por hora, em dois
turnos de trabalho.
Na semana passada, a General Motors também comunicou ao Sindicato
dos Metalúrgicos de São José dos Campos a abertura de 200 vagas na
unidade local para a ampliação da produção da picape S10 voltada às
exportações para Argentina e México.
Inicialmente, também são contratos temporários, por período de sete
meses. A produção será ampliada de cerca de 4,2 mil para 5,2 mil
picapes ao mês, segundo o sindicato.
Desde 2013, A GM fechou 1,8 mil postos de trabalho na fábrica do Vale do Paraíba (SP), hoje com 4,3 mil funcionários.
O anúncio das contratações, que serão efetivadas a partir desta
terça-feira, 31, ocorre num momento em que várias montadoras estudam a
redução do quadro de pessoal, boa parte por meio de programas de
demissão voluntária (PDV).
Nas duas últimas semanas, Mercedes-Benz e Volvo, ambas fabricantes
de caminhões e ônibus, divulgaram planos de PDV nas fábricas de São
Bernardo do Campo (SP) e de Curitiba (PR), alegando excesso de pessoal.
A Volkswagen e a Ford devem negociar medidas similares com os
funcionários nos próximos meses. Só neste ano, as montadoras demitiram
1,4 mil trabalhadores e empregam atualmente 128,4 mil pessoas.
A Renault, que emprega 5,2 mil funcionários no Paraná, dos quais
3,6 mil nas linhas de montagem, é uma das poucas empresas que, nos
últimos meses, não adotou medidas de corte de produção, como férias
coletivas e lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho).
Segundo a montadora, as contratações são temporárias, pois resultam
do aumento de demanda em alguns mercados e não se sabe ainda se esse
movimento será mantido ou não.
Nos últimos dois anos, a Renault manteve exportação de 30 mil
veículos para países da América do Sul. A montadora não divulga as
previsões para este ano.
Em razão da desvalorização do real frente ao dólar, produtos
brasileiros começam a recuperar competitividade no mercado externo. A
produção de carros globais também tem ajudado na busca por clientes na
região.
De janeiro a abril, as fabricantes de veículos exportaram 136,4 mil
veículos, 24,3% a mais que em igual período do ano passado, segundo
dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea). O número equivale a 20% da produção total de automóveis,
comerciais leves, caminhões e ônibus no período. No mesmo intervalo, as
vendas internas caíram 28%, para 644,2 mil unidades.
Em 2005, ano recorde de exportações de veículos brasileiros - com
724,1 mil unidades completas -, o mercado internacional ficou com 30% da
produção brasileira. Incluindo carros desmontados (CKDs), o total
exportado chegou a 897,1 mil veículos.
Há alguns meses, um grupo de montadoras locais negocia contratos
com representantes do governo do Irã, que pretende adquirir 192 mil
veículos para sua frota.
A Anfavea informou que outros países disputam o contrato, que envolve
140 mil automóveis, 35 mil caminhões e 17 mil ônibus. Na América Latina,
apenas o Brasil foi procurado pelos iranianos.
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