segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Rodada de negócios no Ceará mostra artesanato brasileiro ao mundo

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, esteve no Ceará para o encerramento da 5ª rodada do programa Exporta Mais Brasil, promovido pela Apex Brasil para facilitar o contato de empreendedores brasileiros de todas as regiões do país com o mercado internacional. Ele deu sequência a seu giro pelo país para debater a neoindustrialização.

Durante o evento, compradores de oito países puderam conhecer o trabalho de 58 artesãos, cooperativas, casas de cultura e associações de artesanato de 17 estados brasileiros. Em 323 reuniões de negócios, foi gerado até o momento R$ 1,7 milhão de reais.

“Aqui no Ceará estamos trazendo os compradores de artesanato. E, à medida que vendemos artesanato, nós estamos promovendo o turismo. De onde é esse artesanato? É do Brasil, do Ceará. Vão querer vir para cá”, avaliou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que participou do evento ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, do governador do Ceará, Elmano de Freitas, e do deputado federal José Guimarães (PT-SP).  

O ministro ressaltou que, apesar de o país estar registrando seguidos recordes nas exportações, o Brasil representa apenas 1,9% do comércio realizado no mundo, o que significa que 98,1% do comércio está fora do Brasil. “Exportar é fundamentar para a gente fazer crescer a atividade econômica”, afirmou.

Alckmin também destacou o potencial do Ceará de se tornar um hub para o mundo de hidrogênio verde. “A neoindustrialização precisa ser verde, precisa de energia limpa. E o hidrogênio verde é o grande caminho para o mundo descarbonizar.”

O vice-presidente se referia ao fato de o Porto de Pecém, localizado no estado, passar por um processo de modernização para a produção de hidrogênio verde. O complexo está preparando suas áreas portuárias e industriais para receber o hub. Além da localização próxima a grandes mercados consumidores, o custo de produção de hidrogênio verde no Ceará deve ser o menor do mundo em razão da disponibilidade abundante de energia.

Pecém também  foi um dos destaques da fala do ministro da Educação, Camilo Santana, que governou o Ceará por dois mandatos. Em seu discurso, no evento da ApexBrasil, ele ressaltou que o local abriga a primeira Zona de Processamento das Exportações a funcionar no país e que Pecém firmou convênio com o Porto de Roterdã, na Holanda, para auxiliar o porto a se tornar um importante centro logístico e comercial do Nordeste do Brasil.  A gestão conjunta do complexo industrial e portuário amplia a capacidade de atração de mais investimentos internacionais também no segmento de infraestrutura e de instalação de novas indústrias na região.

Santana defendeu que o caminho para o desenvolvimento do estado é a conectividade — portuária, aeroportuária e tecnológica —, além da educação, da formação humana. Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá ao estado em breve para anunciar uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará. A escolha do estado se deu pelo fato de 40% dos aprovados no exame de admissão para o ITA de São Paulo serem provenientes do estado nordestino.

Após o evento da ApexBrasil, os ministros visitaram o Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante, para conhecer a ZPE e os projetos de hidrogênio verde em desenvolvimento no local.

Em sintonia com as vantagens oferecidas por Pecém, o Ceará firmou até agora 32 memorandos de entendimento e três pré-contratos assinados com as empresas interessadas em atuar no estado. Somente os três contratos já assinados somam US$ 8 bilhões em investimentos até 2030. Essas três empresas devem tomar suas decisões finais a partir de 2024 para iniciar a produção entre 2026 e 2027.

Na  5ª rodada do programa Exporta Mais Brasil, que ocorreu ao longo desta semana, em Fortaleza, artesãos brasileiros puderam mostrar seus trabalhos a potenciais compradores da Holanda, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Estados Unidos, China, Japão e Jordânia.  

“Nosso programa trouxe compradores de 8 países, fazendo negócios com pessoas que fazem artesanato. As pessoas mais simples, mas que têm mãos talentosas e muita inteligência e produzem algo que no mundo tem valor.”

Viana ressaltou, no entanto, que o Brasil está ainda muito atrasado na valorização de seu artesanato diante do mundo. “A Colômbia ganha mais dinheiro com o comércio exterior de artesanato do que o Brasil. Se juntar Ceará, Pernambuco, Alagoas e Paraíba, com política de apoio, só esses quatro estados, juntos, têm condições de ter uma produção artesanal muito maior até. Mas as oportunidades têm que vir do governo, das políticas públicas.”   

O presidente da ApexBrasil informou que, após a etapa de rodadas no Brasil, esses times de artesãos serão levados para participar de feiras internacionais de negócios relacionados ao artesanato. “Esse talento precisa ganhar o mundo, e a oportunidade é agora no governo do presidente Lula.”

O perfil dos 58 artesãos é diverso e abriga trabalhos em cerâmica e barro, rendas e bordados, fibra vegetal e madeira, além de outras tipologias e técnicas. A representatividade regional é igualmente variada, com seis participantes vindos do Sul do país, sete do Sudeste, nove do Centro-Oeste, 12 do Norte e, por fim, 24 do Nordeste.

A questão de gênero também se destaca: entre os participantes, mais de 70% ou são artesãs ou são associações e cooperativas que possuem mulheres à frente dos trabalhos. A liderança feminina, aliás, é marcante no segmento: dados do Sebrae em 2018 já apontavam que elas são 77% do total de artesãos brasileiros, sendo, muitas vezes, também arrimo de família e líderes destacadas em suas comunidades. Além disso, as artesãs costumam ser as guardiãs das tradições, responsáveis por ensinar esses modos de fazer às gerações mais jovens. 

Até o final do ano, o programa fará 13 rodadas que contemplarão 13 diferentes setores da economia.

Fechando o seu giro pelo Ceará, o vice-presidente e ministro Alckmin participou no final da tarde desta sexta-feira de um encontro com empresários locais na FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), ao lado do presidente da entidade, Ricardo Cavalcante. Mais uma vez a produção de hidrogênio verde esteve entre as pautas. O ministro ressaltou a necessidade de haver uma regulação do mercado de hidrogênio verde, assim como de mercado de carbono, esta já tramitando no Congresso.

Alckmin ouviu pleitos dos empresários em temas como a ampliação de linhas de transmissão de energia, lealdade concorrencial, crédito e reforma tributária, entre outros. “Nós vamos trabalhar bastante”, respondeu aos empresários presentes. “A tarefa mais importante é criar emprego e renda. Esse é o nosso desafio”, concluiu.

Acompanharam-no  à FIEC o ministro da Educação, Camilo Santana, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e o líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães, além do governador do Ceará, Elmano de Freitas.

 

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