sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Exportadores de grãos que usavam o Arco Norte estão migrando para terminais do Sudeste devido à seca que dobrou o preço do frete

Exportar grãos pelos terminais do Arco Norte ficou mais caro porque o transporte que era feito por barcaças passou a ser realizado em caminhões devido à seca na região, dobrando o preço do frete. ”Muitas cargas estão migrando principalmente para o porto de Santos”, revelou Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA.

O relatório que analisa o impacto do clima adverso para as exportações de grãos pelos portos do Arco Norte da instituição aponta que a situação piorou neste ano. É que os níveis dos rios da Bacia Amazônica passam por um período sazonal de baixa, agravado pelos efeitos do El Niño e do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, mostra o documento.

Além do impacto no escoamento, a falta de chuvas no Norte também pode provocar o recuo nos prêmios de exportação para o milho, segundo o especialista. “Os prêmios do Arco Norte teriam um desconto maior diante dessa dificuldade logística momentânea. Mas isso deve acontecer de forma localizada e não teria um reflexo para o preço do milho no Brasil, por exemplo”, explicou Queiroz.

Com a dificuldade para enviar mercadorias ao Norte do país, a demanda por fretes diminuiu, assim como os preços, destacou Fernando Bastiani, pesquisador da Esalq-Log. Os valores de Sorriso (MT) para Itaituba (PA) passaram de R$ 302,98 por tonelada em setembro, para R$ 276,64 a tonelada neste mês.

Apesar dessa nova dinâmica para a logística do milho, Queiroz, do Itaú BBA, não acredita que o Brasil terá dificuldades para embarcar as 55 milhões de toneladas previstas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para este ciclo. Ele avalia que as vendas acontecerão normalmente, apesar de o tempo de espera para o embarque no porto de Santos ter subido de nove dias no começo do mês para 16 atualmente.

“No acumulado do ano até setembro, o Brasil já exportou 28 milhões de toneladas, e outras 9 milhões deverão ser embarcadas neste mês. As exportações vão testar a capacidade de operação [do porto] de Santos, mas o produto não deixará de sair, por isso acredito em volumes recordes”, projetou o analista.

Segundo Flávio Acatauassú, diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), os grãos, que são escoados pelo Rio Madeira ou Tapajós, continuam a ir para os portos do Arco Norte sem maiores transtornos. Com a queda no calado do rio, as barcaças tiveram que passar com 50% menos peso pelo rio Madeira e 40% menos no Tapajós. Mas nos últimos dias, ambos os rios já subiram 70 centímetros.

“As empresas que se programaram entram e saem dos portos. Agora, quem não fez medição de altura dos rios ou quis passar navios maiores, não conseguiu”, disse Acatauassú. No relatório, o Itaú BBA destacou ainda que as chuvas no Norte do Brasil devem seguir abaixo da média até janeiro de 2024.

 

 

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