O procurador Roberto Gurgel pediu, em 2011, quando estava no comando do Ministério Público, o arquivamento de inquérito no Supremo
Tribunal Federal (STF) em que o presidente Michel Temer aparecia na
condição de investigado. Gurgel avaliou que faltavam provas para levar
adiante a apuração e defendeu a remessa do caso para a Justiça Federal
de primeira instância para que a investigação prosseguisse em relação a
Marcelo de Azeredo, um apadrinhado de Temer que comandou a Companhia de
Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal encarregada de
administrar o maior terminal portuário do país, o Porto de Santos.
A
suspeita que havia contra os dois era do recebimento de propina
patrocinada por empresas que atuavam no terminal. O ministro Marco
Aurélio, relator do inquérito, concordou com o entendimento da
procuradoria e arquivou o inquérito contra Temer.
Mas Rodrigo Janot, sucessor de Gurgel, quer reavaliar o arquivamento
defendido pelo colega há seis anos. Na documentação enviada nesta
segunda-feira (26) ao Supremo, Janot informou que pedirá vista do
inquérito arquivado para analisar as informações nele contidas à luz das
novidades trazidas pela delação premiada dos donos e executivos do
grupo J&F, holding que tem interesses no setor portuário.
Um dos
aliados mais próximos de Temer, o ex-assessor especial da Presidência
Rodrigo Rocha Loures, denunciado ao Supremo por corrupção passiva junto
com Temer, exercia influência política no setor de transportes
aquaviários e apareceu nos autos do inquérito mantendo contatos com
empresários do ramo.
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