O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR, na foto) era o interlocutor do presidente Michel Temer com o setor
privado e atuou para resolver problemas do segmento portuário, afirmou o
diretor do Grupo Rodrimar Ricardo Mesquita em depoimento à Polícia
Federal (PF), conforme reportagem divulgada no
site da revista Época. O depoimento foi
feito na sede da PF em Brasília, na última quinta-feira (08), e integra
o inquérito aberto para investigar Michel Temer. Loures
ficou conhecido como o homem da mala de Temer, após ter sido indicado
pelo presidente à JBS como seu interlocutor e ter recebido R$ 500 mil em
propina.
Na investigação da PF, conversas de Mesquita e
Loures foram gravadas. Elas tratavam das negociações dentro do Governo
sobre o novo Decreto dos Portos, sancionado no início do mês passado e
que mudou as regras do setor para impulsionar investimentos. O texto
atendeu vários pleitos do segmento, menos a renovação de contratos de
arrendamento de terminais portuários firmados antes de 1993 (ano da Lei
de Modernização dos Portos, que incentivou a concessão de terminais),
defendido pela Rodrimar, que tem uma instalação no Porto de Santos nessa
condição. No depoimento, o diretor informou que esse pedido ainda seria
atendido.
“Segundo o declarante tomou
conhecimento, será editada uma medida provisória ou um projeto de lei
visando suprir especificamente essa lacuna do marco regulatório quanto
aos terminais pré-93”, revelam os registros obtidos por Época. Ricardo
Mesquita afirmou à PF que conheceu Rocha Loures em 2013, quando o
parlamentar era assessor de Relações Institucionais da Vice-Presidência,
ocupada por Temer à época. Mesmo que os deveres do vice-presidência não
envolvessem o setor portuário, havia uma orientação para procurar
Loures, que falava por Michel Temer, para tratar dessas questões.
Mesquita
disse que o setor portuário tinha dificuldades para debater com
Brasília “questões relacionadas à nova Lei dos Portos, editada em junho
de 2013”. “Diante da dificuldade de acesso ao Palácio do Planalto e
demais órgãos da estrutura do Governo Federal, o setor foi orientado a
procurar por Rodrigo da Rocha Loures, uma vez que ele realizava a
interlocução entre a Vice-Presidência da República e representantes do
setor privado”, registra o depoimento. Mesquita disse não saber de quem
foi a orientação para procurar Loures.
Sobre
o encontro gravado com Loures e o diretor da JBS, Ricardo Saud, em 24
de abril passado, pouco depois de os dois tratarem sobre pagamento de
propina, Mesquita afirmou que só tratou de amenidades. Em
relação a ter sido considerado por Saud e Loures para pegar a propina
da JBS em nome do deputado, Ricardo Mesquita disse que “nunca participou
de operações envolvendo a atividade de apanhar valores em espécie no
interesse de agentes políticos” e relatou que “lhe soou estranho” ter
sido indicado para receber valores em espécie.
A assessoria de imprensa de Ricardo Mesquita confirmou
que ele deu o depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira, mas
disse que ele não comentaria o que falou. O
Grupo Rodrimar, também, via assessoria de imprensa, informou que acompanhou as
discussões do Decreto dos Portos por meio de entidades setoriais e não
teve todos os seus pedidos contemplados na lei.
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