O Ministério Público de Guarujá prorrogou, até a
próxima segunda-feira, o prazo para que a Companhia Docas do Estado de
São Paulo (Codesp), a estatal que administra o Porto de Santos, informe
novas opções de locais para a queima de 115 cilindros com gases tóxicos
armazenados no complexo marítimo. Enquanto isso, a Autoridade Portuária
afirma que está monitorando as cargas, encontradas há dois anos em
instalações do cais e, hoje, guardadas na região do Valongo.MP
O plano da Docas era queimar o conteúdo dos
cilindros na Base Aérea de Santos, no distrito de Vicente de Carvalho,em
Guarujá. Entre as cargas, está a fosfina (outra denominação do hidreto
de fósforo), que é altamente tóxica e usada para erradicar pragas. O
material seria retirado do Valongo, carregado em uma embarcação e levado
até a unidade da Aeronáutica, que fica às margens do canal de
navegação.
No entanto, a Prefeitura
de Guarujá é contra o transporte dos cilindros para o município. A
alegação é de que a população da cidade não pode ser exposta a um risco,
já que a própria Codesp reconhece o potencial destrutivo da carga.
Inicialmente, a Autoridade Portuária informou que,
se um dos cilindros apresentar vazamentos, há a possibilidade de
explosões. E como se tratam de gases tóxicos, o problema ainda poderia
ocasionar a evacuação de vários bairros da cidade.
Mas,
segundo o diretor-presidente da Docas, José Alex Oliva, a situação não é
tão alarmante. O executivo afirma que os cilindros estão sendo
monitorados através de câmeras e que há uma empresa contratada para
avaliar as condições da mercadoria perigosa.
“Não
há motivo para pânico. Todas as medidas estão sendo tomadas e a
situação está sob controle. O descarte (dos cilindros) será feito como
manda a lei”, destacou o responsável pela Autoridade Portuária, sem
especificar mais detalhes.
Desde a semana passada, quando o assunto foi
discutido no Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Condema) de Guarujá e
ganhou visibilidade, agentes da Guarda Portuária também passaram a fazer
rondas nas proximidades do armazém onde está o carregamento. Uma
viatura permanece durante todo o dia no entorno do local, que está
fechado com cadeados.
Apesar
de aparentarem bom estado, os cilindros com produtos tóxicos e
explosivos perderam a garantia de controle de suas válvulas. Por isso,
segundo a Codesp, há a necessidade de uma destinação adequada para o
material.
O problema é que,
enquanto isso, a carga permanece em um armazém sucateado. O telhado da
instalação está deteriorado, assim como as paredes e toda a sua
estrutura. O local conta com vidros quebrados e grande quantidade de
pombos e sujeira no entorno.
Procurada, a Prefeitura de Santos informou que a
Defesa Civil acompanha as ações da Companhia Docas e tem conhecimento
dos planos que devem ser acionados em casos de emergência. No entanto, a
Administração Municipal não se posicionou sobre os riscos à população.
Disse apenas que os cilindros estão em área de responsabilidade da
Autoridade Portuária.
A Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo (Cetesb) não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os
procedimentos a serem adotados e os riscos relacionados com os cilindros
carregados com produtos químicos no Porto de Santos.
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