O governo federal estuda obrigar a concessionária de
ferrovias MRS Logística a construir uma nova linha, o Ferroanel Norte,
como contrapartida à prorrogação de seu contrato por mais 30 anos. A
obra, com 53 km e orçada em R$ 4 bilhões, evitará que a carga com
destino ao porto de Santos (SP) transite pela capital paulista.
A
prorrogação dos atuais contratos de concessão ferroviária está prevista
na Lei das Concessões, sancionada na semana passada pelo presidente
Michel Temer. A mesma legislação prevê que, ao ganhar mais tempo na
administração da malha, a concessionária fará um pagamento ao governo
federal, que poderá ter a forma de investimentos em novas ferrovias, não
necessariamente na própria malha.
"Os
objetivos são super meritórios", disse o secretário de Articulação de
Políticas Públicas do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI),
Henrique Amarante Costa Pinto. Ele explicou que estudos técnicos, ainda
em curso, vão determinar se a combinação entre prorrogação de contrato e
novos investimentos será possível nesse caso. O projeto do Ferroanel
tem sido discutido entre técnicos do governo federal e do governo
paulista.
"O Ferroanel é
uma prioridade para o governo de São Paulo e para o governo federal",
disse. Ele explicou que a atual configuração da malha ferroviária é
problemática para a capital paulista, pois a passagem da carga compete
com o transporte de passageiros. Como o trânsito de pessoas tem
prioridade, a passagem de carga acaba limitada a horários na madrugada.
A
ideia é que o Ferroanel ligue as estações de Engenheiro Manoel Feio, em
Itaquaquecetuba, até Perus, ambas na Grande São Paulo. Pelo projeto, a
linha passará junto ao Rodoanel Norte, o que trará economia com estudos
de engenharia e medidas de compensação de impacto ambiental. A carga que
chegar do interior paulista poderá seguir para Santos ou para o Rio de
Janeiro, na malha da MRS.
De
acordo com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que coordena os
trabalhos pelo lado do governo federal, o Ferroanel Norte tiraria até
4.200 caminhões por dia da região metropolitana de São Paulo. A
capacidade de carga da linha será de 40 milhões de toneladas até 2040.
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