Atrasos no abastecimento de embarcações
atracadas no Porto de Santos vêm causando prejuízos e dores de cabeça
aos agentes de navegação que atuam no cais santista. Em alguns casos, as
partidas dos cargueiros acontecem até oito horas após o programado.
Como consequência, os navios são obrigados a aumentar a velocidade, o
que acarreta em um gasto de combustível até três vezes maior.
As
informações são do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do
Estado de São Paulo (Sindamar). Segundo a categoria, na maioria dos
casos, o término do bombeamento vem acontecendo após o final das
operações de embarque e desembarque de mercadorias. Isso causa um
transtorno entre agentes marítimos e os terminais, que ficam impedidos
de receber novas embarcações enquanto o abastecimento não é concluído.
“Há
casos que devido ao fato de Santos ser o último porto de escala no
Brasil, e considerando a quantidade insuficiente de combustível, os
agentes e armadores são obrigados a solicitar para a Autoridade
Portuária um berço disponível para atracar a embarcação somente para
abastecimento. Isto acarreta despesas extraordinárias com a Praticagem e
rebocadores”, destacou o diretor-executivo do Sindamar, José Roque.
Em
outros casos, os navios partem sem o abastecimento. Foi o que aconteceu
com o navio San Alvaro, que estava pronto para partir no último dia 1º,
às 19 horas. Como até as 10 horas do dia seguinte não havia previsão de
abastecimento, o armador decidiu cancelar a operação. A saída foi
abastecer o cargueiro em Cartagena, na Colômbia, já que pelos cálculos
do comandante havia combustível suficiente para a viagem.
“Os
comandantes reclamam que o abastecimento em Santos chegou a um patamar
inaceitável e insustentável. Chegam a dizer que chegamos no fundo do
poço”, afirmou Roque.
Já com o navio
Monte Oliva, o tempo de abastecimento ultrapassou a marca de 12 horas. A
embarcação chegou ao Porto de Santos no último dia 21, às 10h24, e
iniciou operação cerca de 20 minutos depois. Os trabalhos foram
concluídos às 18 horas do mesmo dia.
No
entanto, o abastecimento, que havia sido iniciado às 13h35, só foi
concluído na madrugada do dia seguinte. Esta operação durou 12 horas e
25 minutos. Com isso, o navio deixou o Porto de Santos com oito horas de
atraso.
“Isso acarreta
atrasos, com a embarcação retida após a conclusão da operação. As saídas
são retardadas por 2 a 8 horas, obrigando o navio a desenvolver uma
navegação full speed para não perder a atracação nos próximos portos
brasileiros. Isso provoca um consumo de combustível quase três vezes
maior do que seria uma navegação normal, nos navios conteineiros”,
explicou Roque.
As
embarcações utilizam um produto especial em seus motores denominado
óleo bunker. No Porto de Santos, seu carregamento é realizado pela
Transpetro, subsidiária da Petrobras.
O
combustível fica armazenado em tanques especiais da empresa,
localizados em suas instalações em Santos e em Cubatão. Essas unidades
são interligadas por cinco dutos – cada um com dez quilômetros de
extensão. Com essa rede, eles ainda ficam conectados à Refinaria
Presidente Bernardes, também em Cubatão.
Para
que um navio seja abastecido, seus consignatários fazem uma solicitação
à Transpetro. O pedido tem de ser apresentado com 7 a 10 dias de
antecedência.
O combustível
é embarcado por uma mangueira que liga os tanques do navio a ser
abastecido aos tanques da embarcação da Transpetro. Se for uma das
barcaças, são necessárias de três a seis horas para concluir a operação.
Se for o navio Amalthia (de maior capacidade), o trabalho chega a 12
horas.
Procurada,
a Transpetro informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o
assunto é de responsabilidade da Petrobras, que não respondeu aos
questionamentos da Reportagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário