As pequenas
empresas, responsáveis pela metade dos empregos na indústria, têm sido as mais afetadas pela crise, indica levantamento da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com acesso restrito ao crédito
e com menos reservas para suportar a queda da demanda, as indústrias de
menor porte têm mais dificuldade de se recuperar da recessão.
O
estudo mostra que as indústrias de pequeno porte têm obtido indicadores
piores que as de grande porte desde o início de 2015, quando o país
entrou em recessão. Os números foram obtidos com base na Sondagem
Industrial, pesquisa mensal divulgada pela CNI que revela as
expectativas e as decisões dos empresários da indústria.
Medida
de 0 a 100 pontos, a Sondagem Industrial tem uma linha de corte de 50
pontos, que indica estabilidade. A pesquisa indica cenário negativo
abaixo desse valor e perspectivas favoráveis acima desse nível. Com a
intensificação da crise econômica, toda a indústria passou a registrar
indicadores abaixo de 50 pontos, mas as pequenas empresas sempre ficaram
atrás das grandes.
Entre 2015 e 2017, os indicadores de
produção e de número de empregados têm oscilado em torno de 40 pontos,
contra 45 pontos das grandes indústrias. Em relação à expectativa de
demanda, as pequenas empresas oscilaram em torno de 46 pontos. As
indústrias de maior porte registraram 49 pontos, ainda pessimista, mas
próximo da estabilidade. Os números foram obtidos retirando-se a mediana
(valor central em torno do qual um indicador oscila) da Sondagem
Industrial.
As disparidades são maiores nos indicadores que
refletem as finanças das empresas. Nos últimos dois anos e meio, o
indicador de situação financeira (avaliação do empresário sobre as
finanças da companhia) tem variado em torno de 34 pontos para as
pequenas indústrias, contra 43 para as grandes companhias. No acesso ao
crédito, a pontuação tem oscilado em torno de 27,5 pontos para as
menores empresas e 33,5 para as maiores.
Em relação à utilização
da capacidade instalada, o levantamento mostra maior ociosidade nas
pequenas indústrias. A mediana para as empresas de menor porte
corresponde a 58% de utilização do maquinário, contra 70% para as de
maior porte. Em abril, as indústrias menores utilizavam 57% da
capacidade instalada, contra 67% registrados nas grandes fábricas.
Segundo a CNI, a melhoria do acesso ao crédito, a desburocratização e a
melhoria do ambiente de negócios representam os principais caminhos
para recuperar a atividade da indústria, principalmente das de menor
porte. A entidade aponta, como principais dificuldades, taxas de juros
elevadas e exigência de garantias reais – bens que podem ser tomados
pelo banco em caso de calote. De acordo com a CNI, no ano
passado, apenas 20% das pequenas empresas conseguiram contratar uma nova
linha de crédito, 40% renovaram uma linha antiga e 40% das pequenas
empresas não conseguiram contratar nem renovar crédito em 2016.
Para
a Confederação Nacional da Indústria, a falta de crédito impede o
acesso ao capital de giro, causa atraso no pagamento de fornecedores,
perda de oportunidades de negócio, atraso no pagamento de tributos e
necessidade de renegociação de prazos para pagamento de credores.
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