A BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, está estudando o uso de
navios gigantes e automatizados para o transporte de cargas como minério
de ferro e carvão como parte de uma mudança estratégica que pode
revolucionar a indústria global da navegação, de US$ 334 bilhões.
"Navios autônomos seguros e eficientes transportando cargas da BHP, e
movidos com gás da BHP, são nossa visão para o futuro do transporte de
granéis secos", escreveu o vice-presidente de frete da BHP, Rashpal
Bhatti, em postagem no website da empresa. A companhia, que é também uma
das maiores afretadoras de granéis secos do mundo, busca parcerias para
trabalhar em mudanças tecnológicas no setor, disse ele.
A BHP, que afreta cerca de 1.500 viagens por ano para cerca de 250
milhões de toneladas de minério de ferro, cobre e carvão, quer empregar a
tecnologia dentro de uma década, segundo Bhatti. Para as maiores
mineradoras, a opção pelos navios sem tripulação geraria novas economias
no mercado transoceânico de minério de ferro, de US$ 86 bilhões por
ano, o que reflete a mudança para caminhões e trens autônomos que
permite que um número menor de funcionários opere ou monitore diversos
veículos remotamente.
O emprego de navios não tripulados na viagem marítima de 10 dias da
costa norte da Austrália para a China seria uma extensão lógica da
tecnologia atualmente usada, por exemplo, em minas e portos e permite
que as produtoras respondam rapidamente a demandas específicas de
clientes, disse Emilie Ditton, diretora de pesquisa da IDC Energy
Insights em Sidney, por telefone.
"Nos últimos seis meses houve uma mudança realmente grande no desejo
das mineradoras por buscar oportunidades de inovação", disse Ditton. "Há
um reconhecimento muito maior de que existem oportunidades de inovação,
de maneira geral."
A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês),
agência da Organização das Nações Unidas em Londres que supervisiona o
transporte marítimo global, trabalha atualmente na análise da regulação
de navios de superfície autônomos, disse James Fanshawe, ex-alto oficial
da Marinha Real Britânica e presidente do conselho do Maritime
Autonomous Systems Regulatory Working Group, do Reino Unido, por
telefone. Uma reunião do comitê de segurança marítima da IMO, que começa
nesta quarta-feira, avaliará propostas para um estudo regulatório a
respeito da "operação segura e ambientalmente correta" de navios
autônomos, segundo o website da organização.
A BHP tem a visão de que o mercado de fretes de granéis sólidos está
próximo de sofrer reformas nos preços e na liquidez, de forma similar
àquelas observadas nos mercados de commodities a granel na última
década, disse Bhatti, na postagem de 30 de maio. A companhia reduziu os
custos de frete e transporte em 16 por cento, para US$ 2,3 bilhões, no
ano fiscal de 2016, segundo registros.
Um projeto de três anos e 3,8 milhões de euros (US$ 4,3 milhões)
financiado pela União Europeia desenvolveu uma proposta para um navio de
granéis intercontinental e concluiu em 2015 que a tecnologia autônoma é
viável e susceptível de ser adotada. A Administração de Segurança
Marítima da China também está trabalhando no desenvolvimento de navios
sem tripulação, segundo seu website.
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