A fabricante de aeronaves Embraer suspeita que a Bombardier, uma de
suas concorrentes no segmento de aviação comercial, esteja recebendo
subsídios bilionários do governo canadense, o que estaria dando uma
vantagem competitiva indevida aos jatos C Series da rival.
"Não temos ainda todos os detalhes, mas o que sabemos é que a
Bombardier está prestes a receber da província de Quebec e do governo
Central do Canadá mais US$ 2 bilhões para o programa C Series", diz, em
nota enviada ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência
Estado), o presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar
Silva. "Esta potencial injeção de dinheiro permitiu à Bombardier
oferecer o C Series a clientes, tudo indica, em condições econômicas
inferiores ao custo de produção."
Segundo o executivo, as suspeitas em relação à empresa canadense
aumentam com a informação oficial de uma provisão de contrato oneroso
nos resultados parciais da Bombardier, da ordem de US$ 500 milhões.
"Isto altera de forma importante a dinâmica competitiva do mercado",
afirma.
A competição entre Embraer e Bombardier se intensificou em abril,
quando a Delta Airlines encomendou 75 jatos do novo modelo C Series, da
Bombardier, por US$ 5,6 bilhões - o acordo prevê que o total de
aeronaves pode crescer para até 125. Com a encomenda à Bombardier, a
Delta abandonou os planos de adicionar 20 aeronaves Embraer E190 em sua
frota.
Para Silva, o tipo de ajuda que a Bombardier recebeu e, conforme as
suspeitas, continua recebendo, faz com que o C Series se torne um
programa estatal, cujo financiamento vem dos contribuintes canadenses.
"A Embraer está pronta para competir com qualquer fabricante
aeronáutico, mas não com governos. O que a Embraer quer é igualdade de
condições, o chamado 'level playing field', que significa condições de
mercado justas e equilibradas. Queremos que prevaleça a competitividade
dos produtos e serviços e não o nível de apoio do governo."
O presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial ainda afirma que a
companhia possui "confiança total" de que as aeronaves brasileiras são
competitivas. "Se não fosse assim, não teríamos a liderança do mercado,
com mais de 50% de participação em nosso segmento", diz. "Por isso,
estamos analisando quais providências tomar. Neste momento, a Embraer
considera todas as opções."
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