O governo do
presidente em exercício, Michel Temer, recebeu sua primeira visita internacional nesta quarta-feira (8), que proporcionou a assinatura de dois acordos
bilaterais com o Paraguai, um na área de aviação e outro para construção
de uma ponte rodoviária internacional sobre o Rio Paraguai, entre as
cidades de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Departamento do Alto
Paraguai).
O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga,
agradeceu o convite do governo interino brasileiro e disse estar
"consciente" de todos os acontecimentos políticos ocorridos no Brasil.
Ele ressaltou o interesse do governo paraguaio em aprofundar as relações
comerciais e a cooperação entre os dois país. Já o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, afirmou
que o fato de o Paraguai ter sido o primeiro país a visitar oficialmente
o Brasil após o impeachment ressalta a importância da relação entre os
países vizinhos.
"São relações centrais para o Brasil, que se assentam em bases
históricas e têm um forte componente humano. Compartilhamos uma longa
fronteira. Cerca de 300 mil brasileiros vivem no Paraguai, a segunda
maior comunidade de brasileiros no exterior. Nossos vínculos têm-se
fortalecido nos últimos tempos, de maneira ampla e diversificada", destacou Serra.
Além dos acordos assinados hoje, Serra informou que o Brasil
pretende ampliar os negócios com o Paraguai, removendo barreiras não
tarifárias e também a parceria na prevenção e combate ao contrabando,
tráfico de drogas e de armas. "Devemos também buscar avançar em outras iniciativas. É fundamental
que aproveitemos o potencial hidroviário em nossa região. Brasil e
Paraguai estão dispostos a aproveitar melhor o potencial de circulação
na Bacia do Prata."
Sobre o Mercosul, Serra disse haver "ampla convergência" entre
Brasil e Paraguai quanto a urgência em avançar na agenda de negociações
externas do bloco. "Conversamos sobre troca recente de ofertas iniciais entre Mercosul
e União Europeia. Trabalharemos intensamente para chegar a um acordo
equilibrado e vantajoso para o Mercosul. Como já disse, a reciprocidade é
a condição para um bom acordo", destacou o ministro brasileiro.
O
acordo para início do projeto de construção de uma ponte rodoviária
internacional sobre o rio Paraguai foi assinado pela diretoria do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), pelo lado brasileiro, e o
Ministério de Obras Públicas e Comunicações, pelo lado paraguaio. Os
custos decorrentes da elaboração dos estudos, projetos e construção da
ponte serão compartilhados igualmente pelos dois país.
Para Serra, a construção da ponte será "fundamental" para
viabilizar a ligação rodoviária entre os portos de Santos, no Brasil, e
de Iquique e Antofagasta, no Chile. "Avançar no tema da integração
física com o Paraguai ajudará à integração entre nossos países, mas
também ampliará a conexão do Cone Sul com o resto da América do Sul e
com as regiões mais dinâmicas da economia mundial", afirmou Serra.
O acordo na área de aviação prevê, entre outros pontos, que
empresas aéreas brasileiras e paraguaias terão o direito de sobrevoar o
território dos países sem pousar, fazer escalas no território da outra
parte, para fins não comerciais, fazer escalas nos pontos das rotas
especificadas no Quadro de Rotas, para embarcar e desembarcar tráfego
internacional de passageiros, bagagem, carga ou mala postal
separadamente ou em combinação.
Além disso, o acordo estabelece que nenhum dos dois países cobrará
ou permitirá que sejam cobradas das empresas aéreas designadas tarifas
aeronáuticas superiores às cobradas de suas próprias empresas aéreas que
operem serviços aéreos internacionais semelhantes. Cada país, reciprocamente, isentará uma empresa aérea designada da
outra parte, em conformidade com a legislação nacional, de restrições
sobre importações, direitos alfandegários, impostos indiretos, taxas de
inspeção e outras taxas e gravames nacionais que não se baseiem no custo
dos serviços proporcionados na chegada, sobre aeronaves, combustíveis,
lubrificantes e suprimentos técnicos de consumo.
Segundo o Itamaraty, o Brasil é o principal destino das exportações
paraguaias e o principal fornecedor de produtos para o Paraguai. Em
2015, o intercâmbio bilateral alcançou US$ 3,3 bilhões. O comércio
bilateral é caracterizado por elevada porcentagem de produtos de alto
valor agregado. No ano passado, 93,7% das exportações brasileiras para o
Paraguai foram compostas de produtos manufaturados.
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