As
bolsas europeias ampliaram as perdas nesta segunda-feira (27) em meio a
incertezas sobre as consequências depois que o Reino Unido optou por
sair da União Europeia, o que levou a libra a atingir o menor nível em
31 anos. Da mesma maneira, o juro dos bônus soberanos britânicos de 10
anos caiu para menos de 1% pela primeira vez na história nos negócios.
Às 8h55min (de Brasília), a Bolsa de Londres recuava 2,09%, Paris
perdia 2,12% e Frankfurt caía 2,23%. Já a Bolsa de Madri tinha queda de
1,59%, Milão perdia 2,54% e Lisboa baixava 1,68%.
O clima de tensão ainda pesa sobre as bolsas. Prevendo uma forte
onda vendedora no pregão de hoje, o ministro de Finanças do Reino Unido,
George Osborne (foto), procurou acalmar as famílias, empresas e mercados
financeiros ao garantir que a economia britânica continua sólida, depois
da vitória do Brexit na semana passada.
Osborne, que falou a repórteres
antes da abertura da Bolsa de Londres, disse que a economia do Reino
Unido está forte e que seus bancos e sistema financeiro são saudáveis.
Ainda assim, a tentativa de tranquilizar os ânimos não foi suficiente.
O mercado segue cautelo para saber agora os desdobramentos da
decisão do plebiscito. No final de semana, os ministros de Relações
Exteriores de seis nações fundadoras da União Europeia reivindicaram que
o Reino Unido tome as providências para deixar o bloco europeu "o mais
rápido possível".
Ministros da França, Alemanha, Itália, Holanda,
Bélgica e Luxemburgo que se reuniram em Berlim no sábado afirmaram que o
governo britânico precisa implementar rapidamente o artigo 50 do
tratado da União Europeia, que trata da saída de um membro do grupo,
para que o bloco siga em frente normalmente. As negociações podem
demorar até dois anos após a notificação formal da intenção de saída por
parte do Reino Unido.
Neste domingo, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Christine Lagarde, alertou para mais volatilidade e incertezas nos
mercados se as autoridades britânicas não fornecerem rapidamente aos
investidores certezas e direcionamento sobre o novo estado de seu
relacionamento com a União Europeia.
O alerta de Lagarde tem se confirmado. Hoje pela manhã, a libra
continuou a cair fortemente pressionada ainda pelo resultado inesperado
de um Brexit, levando a moeda a atingir o menor nível em 31 anos em
relação ao dólar. No horário acima, a libra caía a US$ 1,3199.
Enquanto isso, o juro dos bônus soberanos britânicos de 10 anos
caiu para menos de 1% pela primeira vez na história nos negócios de
hoje, refletindo a alta nos preços dos Gilts, como são chamados os
papéis. A queda no rendimento do Gilt vem em meio a apostas de que o
Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) ampliará os estímulos
monetários após o plebiscito.
Em meio aos temores, mais uma vez as ações de bancos seguem
penalizadas, uma vez que o setor bancário é um dos mais interligados da
Europa. Entre as maiores quedas, destaque para os papéis do Barclays, em
Londres, com baixa de 4,55% e o italiano Unicredit, em Milão, com
retração de 7,71%.
No resto da Europa, vale destacar que a Bolsa de Madri abriu em
alta de 1,5% refletindo o resultado das eleições parlamentares na
Espanha, uma vez que a nação deu um passo para acabar com a incerteza
política que há meses tem atormentado a segurança dos investidores. No
domingo, a eleição na Espanha - a segunda em seis meses - não rendeu
nenhuma maioria clara para qualquer partido, mas sinalizou um aumento na
popularidade do conservador Partido Popular (PP), que teve 33% dos
voto.
Segundo o analista do UBS Bosco Ojeda, embora a incerteza
persiste, duas configurações do governo estão se tornando cada vez mais
provável. Ou o PP vai se unir com o partido centrista Cuidadanos e
governar em minoria, ou formar uma grande coalizão com o Partido
Socialista vice-campeão. A Bolsa, no entanto, foi pressionada pelo mau
humor generalizado e não conseguiu se manter no terreno positivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário