Em um trecho crítico, a última
sondagem foi feita na década de 80. Em 2011 a praticagem bancou o estudo de
acordo com os padrões da Associação Náutica Internacional, que dita as normas
de avaliação em canais de acesso, e determinou que o maior navio que poderia
passar pelo município de Santana seria de 203 metros, ou seja, do porte de
embarcação da classe Handysize; estes navios carregam cerca 75 toneladas por
cada centímetro de imersão do navio quando ele é carregado. Desde então, muito
tem-se debatido com a Autoridade Portuária (CDSA) e Marítima (Capitania dos
Portos), que sempre apoiaram que novas medições fossem feitas, mas
contigenciamento de recursos não permitiram.
Com a atualização da sondagem feita
pela Praticagem, foi confirmado que o canal é viável, obedecendo-se algumas
restrições, para a entrada de navios da classe Panamax, que mede cerca de 225
metros, e opera, ao invés de 75, 100 toneladas por cada centímetro de imersão
do navio. Um ganho de 33% a mais de carga dentro do próprio navio, operando no
mesmo calado, apenas com a mudança de classe e sem gastos para a sociedade.
A notícia agrega mais valor comercial
à navegação na Amazônia, o que atrairá o interesse de investidores. Para o
prático Ricardo Falcão, vice-presidente da Associação Internacional de Práticos
e novamente presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), a sondagem
resolve um antigo questionamento técnico a respeito da capacidade do canal, e encerra
a discussão por causa de sua largura e possibilidade de manobrar ou não navios
de grande porte. Ele também é diretor executivo dos novos terminais privados
que estão sendo desenvolvidos em Santana.
“Da limitação de entrada de navio de
até 203 metros, passamos para 290 metros, um ganho de praticamente 50%. Com a
licitação da Companhia Docas de Santana (CDSA) e a construção dos dois
terminais na foz do rio Matapi, em Anauerapucu, aumenta consideravelmente o
valor econômico de operações aquaviárias nesta região, porque o porto irá
operar sem a restrição que a bacia de evolução impunha. Ela limitava o tamanho
de navios. Esta sondagem não é uma batimetria oficial da Marinha, mas responde
se a navegação é viável ou não”, afirma Ricardo Falcão. A praticagem opera mais
de 160 anos na região amazônica, prestando serviço essencial para a segurança
das embarcações, proteção de nossos rios, comunidades pesqueiras, famílias cujo
sustento depende das águas, além de preservar o meio ambiente.
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