A Porto Sul,
acionista majoritária da Portinvest, controladora do Porto Itapoá (SC), pede à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a suspensão ou cancelamento definitivo da
oferta pública do fundo BRZ Infra Portos FIP-IE. Em análise pela CVM, a operação
pretende captar R$ 700 milhões para a aquisição de 22,9% do porto catarinense.
A PortoSul alega que o prospecto é impreciso e que a BRZ atua em interesse
próprio, para se perpetuar como gestora desse novo fundo. Em meio à oferta
pública, a BRZ não comenta o imbróglio.
Holding do grupo Battistella, a PortoSul tem 51% da Portinvest em
sociedade com a LOG-Z – Logística Brasil. Por sua vez, a LOG-Z é formada por
três fundos geridos pela BRZ Investimentos: Fundo Logística (66,82%), Fundo
Portos (20,17%) e Fundo Empreendedor (13,01%). A oferta do BRZ Infra Portos se
baseia na aquisição da fatia do Logística – que tem entre os cotistas Petros,
Previ, Funcef e BNDESPar – em Itapoá. Como gestora do novo fundo, a BRZ
receberia taxa de administração de 2%, o dobro do que recebia como gestora do
Fundo Logística, diz a PortoSul à CVM. Também alega conflito de interesse pelo
fato de a BRZ ser gestora do FIP-IE e do Logística, vendedor do ativo. O
próprio prospecto da oferta, porém, alerta para esse ponto.
Os três fundos que compõem a LOG-Z
queriam vender Itapoá. A oferta pública do BRZ Infra Portos pegou de surpresa a
PortoSul, que tinha interesse em comprar a parte dos fundos no porto. Uma
oferta inicial da Portinvest chegou a ser cogitada para dar liquidez ao ativo.
A PortoSul acusa a BRZ de não ter informado seu interesse aos cotistas dos
fundos para não perder o contrato. Fontes de mercado veem a reclamação à CVM
como “recalque” pelo Fundo Logística e a BRZ terem optado por estruturar uma
oferta pública via fundo de infraestrutura, veículo em alta no mercado, de olho
no potencial de valorização de Itapoá.
A reclamação chegou à CVM no dia 14.
Sete dias depois, a BRZ divulgou comunicado ao mercado com modificações no prospecto.
Entre outros pontos, esclareceu que a venda da participação em Itapoá detida
pelo Fundo Empreendedor e pelo Fundo Portos não foi aprovada pelos cotistas. Ou
seja: uma futura aquisição da fatia desses fundos no porto pelo BRZ Infra
Portos dependerá de nova deliberação. Foi incluído um novo fator de risco: uma
dívida do Porto Itapoá garantida por alienação fiduciária de 100% de suas
ações. Pelo cronograma, o registro da oferta pela CVM sai em 4 de fevereiro.
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