O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do
Brasil (Sindifisco) informou nesta quarta-feira (16) que 90% dos
terminais de cargas em portos e aeroportos do País estão sem a
fiscalização dos profissionais. Segundo o Sindifisco, a operação é mais
uma da série de paralisações, iniciada em abril, de advertência ao
governo para uma contraproposta à pauta salarial da categoria. A
fiscalização de passageiros, cargas perecíveis e medicamentos foi
mantida. A Receita Federal informou, por meio da assessoria de imprensa,
que não iria se manifestar sobre o assunto.
O presidente do Sindifisco, Claudio Damasceno, disse que os auditores
fiscais pedem que os salários sejam proporcionais a 90,25% dos
vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que
elevaria o valor recebido por um profissional em início de carreira de
R$ 15.700 para R$ 30 mil. A categoria tem cerca de 10.500 auditores. "Nós
já fomos parâmetro para os auditores estaduais e hoje estamos na
penúltima colocação, atrás apenas dos auditores do Espírito Santo, que
têm um padrão de remuneração 2% abaixo do nosso", esclareceu Damasceno.
O sindicalista advertiu que outras paralisações podem ocorrer nas
próximas semanas caso o governo não dialogue com os auditores. Segundo
ele, com os salários defasados, as operações da Receita foram reduzidas
este ano e o valor estimado de autuações deve ficar em R$ 100 bilhões em
2015, ante um total de R$ 158 bilhões no ano passado. "Como cerca de
10% dessas autuações se transformam em receita imediata, o governo deve
deixar de arrecadar R$ 5,8 bilhões este ano", estimou Damasceno.
Não há um balanço do Sindifisco sobre a paralisação, já que entre
10% e 50% das cargas passam pela fiscalização da Receita Federal,
porcentual que varia de acordo com a empresa, do tipo de mercadoria e
até do terminal. Algumas cargas estão enquadradas no chamado canal
verde, que possuem o desembaraço aduaneiro sem a necessidade da
fiscalização.
Entre os maiores terminais de carga do país, apenas o do Aeroporto
Internacional Viracopos (foto), em Campinas (SP), confirmou, em nota, "que
algumas atividades de responsabilidade da Receita Federal no terminal de
cargas foram paralisadas nesta quarta-feira". Ainda
segundo a assessoria, "para minimizar os impactos aos clientes,
Viracopos preparou um esquema de operação especial" e "entre as ações
planejadas estão o remanejamento de equipes e o plantão gerencial".
Nos Portos de Paranaguá e de Santos, as operações transcorrem
normalmente e não há relatos de impacto das paralisações no movimento
dos terminais, segundo as assessorias de comunicação. A assessoria da
GRU Airport, que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em
Guarulhos (SP), informou que só a Receita Federal, a qual não comenta o
assunto, poderia informar sobre uma possível paralisação.
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