quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Associações empresariais pedem que o governo não reconheça a China como economia de mercado

         A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e 40 entidades representantes do setor produtivo encaminharam ao governo uma carta pedindo que o Brasil não reconheça a China como economia de mercado. As associações advertiram que o reconhecimento eliminaria ou reduziria a eficácia do uso de medidas antidumping contra importações vindas da china a preços artificialmente baixos.
          A carta foi encaminhada aos ministérios das Relações Exteriores, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Fazenda. O ministro Armando Monteiro (Mdic) ressalvou que essa é uma questão complexa. "O governo precisa promover essa avaliação à luz das novas condições, de como essa coisa é percebida pela comunidade internacional, a posição de outros blocos econômicos e parceiros. Por outro lado a China é um grande parceiro comercial do Brasil, então isso tudo é complexo", avaliou.
         A CNI lembrou que protocolo do governo brasileiro estabelece critérios que devem ser seguidos para que um país seja considerado economia de mercado, como grau de controle governamental sobre as empresas e meios de produção e o nível de interferência estatal sobre operações de câmbio e acrescenta que outros países e blocos, como os Estados Unidos e a União Europeia, já sinalizaram que não farão o reconhecimento.
         "A China ainda não preenche os requisitos necessários para que seja considerada uma economia de mercado. Qualquer entendimento em sentido contrário traria impactos negativos para a economia e a indústria brasileiras, bastante superiores aos pretensos benefícios a serem alcançados", observou a carta.
         Para a CNI, o entendimento que a China tem manifestado de que países da Organização Mundial do Comércio (OMC) estariam obrigados a tratá-la como economia de mercado a partir de dezembro do ano que vem é uma leitura "parcial, incompleta e equivocada" do Protocolo de Acessão da China à OMC. 
        O Brasil se comprometeu a reconhecer a China como uma economia de mercado durante a reunião entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Hu Jintao (China), em Brasília, em novembro de 2004. O reconhecimento significa que futuros processos antidumping (quando produtos são vendidos a preços abaixo do mercado) ficarão sujeitos às regras da OMC.
         Na avaliação da indústria, o reconhecimento da China como economia de mercado tornará quase impossível sobretaxar importações chineses por dumping. Hoje a análise de preços para comprovar o dumping é feita considerando um terceiro mercado como parâmetro, o que deixará de acontecer se o Brasil cumprir a promessa feita à China.

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