A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e 40 entidades
representantes do setor produtivo encaminharam ao governo uma carta
pedindo que o Brasil não reconheça a China como economia de mercado. As associações advertiram
que o reconhecimento eliminaria ou reduziria a eficácia do uso de
medidas antidumping contra importações vindas da china a preços
artificialmente baixos.
A carta foi encaminhada aos ministérios das
Relações Exteriores, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e
Fazenda. O ministro Armando Monteiro (Mdic) ressalvou que essa é uma questão complexa. "O governo
precisa promover essa avaliação à luz das novas condições, de como essa
coisa é percebida pela comunidade internacional, a posição de outros
blocos econômicos e parceiros. Por outro lado a China é um grande
parceiro comercial do Brasil, então isso tudo é complexo", avaliou.
A CNI lembrou que protocolo do governo brasileiro estabelece
critérios que devem ser seguidos para que um país seja considerado
economia de mercado, como grau de controle governamental sobre as
empresas e meios de produção e o nível de interferência estatal sobre
operações de câmbio e acrescenta que outros países e blocos, como os
Estados Unidos e a União Europeia, já sinalizaram que não farão o
reconhecimento.
"A China ainda não preenche os requisitos necessários para que seja
considerada uma economia de mercado. Qualquer entendimento em sentido
contrário traria impactos negativos para a economia e a indústria
brasileiras, bastante superiores aos pretensos benefícios a serem
alcançados", observou a carta.
Para a CNI, o entendimento que a China tem manifestado de que
países da Organização Mundial do Comércio (OMC) estariam obrigados a
tratá-la como economia de mercado a partir de dezembro do ano que vem é
uma leitura "parcial, incompleta e equivocada" do Protocolo de Acessão
da China à OMC.
O Brasil se comprometeu a reconhecer a China como uma
economia de mercado durante a reunião entre os então presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva (Brasil) e Hu Jintao (China), em Brasília, em
novembro de 2004. O reconhecimento significa que futuros processos antidumping
(quando produtos são vendidos a preços abaixo do mercado) ficarão
sujeitos às regras da OMC.
Na avaliação da indústria, o reconhecimento
da China como economia de mercado tornará quase impossível sobretaxar
importações chineses por dumping. Hoje a análise de preços para
comprovar o dumping é feita considerando um terceiro mercado como
parâmetro, o que deixará de acontecer se o Brasil cumprir a promessa
feita à China.
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