segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Presidente do Porto Itapoá diz que conjuntura do país demanda ajustes e correções na política econômica

         O presidente do Porto Itapoá, Patrício Júnior, disse que a conjuntura do país demanda ajustes e correções de rumo sobre a política econômica, além de mais empenho e esforço do setor privado, que deve agir em conjunto com o setor público. “Esses ajustes são cíclicos”, opinou o executivo que acredita que as ações do país precisam ser engajadas considerando não apenas ajustes pontuais – e imprescindíveis – de curto prazo, dedicação às reformas estruturantes que possam colocar o país em um patamar de desenvolvimento em médio e longo prazos. “Algo que não é simples, porque exige grande esforço político”, ressalvou. As reformas precisarão ser abrangentes, incluindo a Tributária, a Previdenciária e a Administrativa, com vistas à recuperação da competitividade e eficiência do país.
         Segundo Júnior, o Porto Itapoá, contudo, já colhe alguns bons resultados. “O ano de 2014 foi excelente para Itapoá”, disse o presidente, comemorando que, em três anos de operação, o porto alcançou a sexta colocação, entre 22 terminais nacionais, na movimentação de contêineres, com 465 mil teus movimentados. O porto também foi premiado como o de melhor desempenho em pesquisa realizada pelo Instituto Ilos, em que concorreu com 13 terminais do país. “Nos três primeiros meses de 2015, o Porto movimentou 17% a mais de carga do que no mesmo período de 2014 – e isso a despeito da crise que atingiu o país” comemorou Patrício Júnior.
          Atualmente, Itapoá se considera o terminal mais eficiente do país e, a contar pela produtividade em MPH, estaria entre os dez Terminais mais ágeis do planeta, à frente de portos reconhecidos como os melhores do mundo como Cingapura, Hong Kong, Roterdã e Hamburgo. Neste ano, Itapoá fez o primeiro embarque de carne bovina para a China, para o que instalou uma unidade do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento dentro do terminal, permitindo a redução em 50% do tempo de liberação de cargas, além de implantar um sistema que permite a pesagem das cargas no próprio levante do guindaste RTG.
          “Estamos agora prontos para dar partida no nosso projeto de expansão e ampliação, aguardando apenas a liberação final por parte do IBAMA”, garantiu o presidente, referindo-se ao aumento do pátio de manobras e o píer, que chegará a 450 mil metros quadrados, com capacidade para receber simultaneamente três navios de 350 metros. Com a nova ampliação, o terminal estará apto a movimentar 2 milhões de Teus/ano.
          Para 2016, Patrício Junior diz que espera se preparar para crescer, e já estar com as obras em andamento, “porque sabemos que a crise pela qual o país passa é passageira”. Mais de 95% da carga do Porto Itapoá pertence a rotas de longo curso, porém o presidente do porto entende que a cabotagem também tem potencial de crescimento, “sobretudo se forem garantidos a este segmento mecanismos de equalização de custos com outros modais, em especial o rodoviário”, disse ele, referindo-se, em particular, aos custos de combustível (o diesel do caminhão ainda é mais competitivo) e aos custos de mão de obra na cabotagem brasileira em relação à navegação no resto do mundo. “O Brasil precisa se perguntar por que manter o custo do emprego tão alto, com tantos encargos e obrigações acessórias. Não devemos fazer uma reforma trabalhista que torne o modelo menos paternalista e mais competitivo?”, questionou.
          Para receber os supernavios que virão, seguindo a tendência das rotas mundiais, o presidente do Porto Itapoá acredita que é necessário trabalhar a infraestrutura e a tecnologia portuária, porém não se restringe a esses fatores: “É preciso também que o Poder Público faça a sua parte, dragando e aprofundando o canal de acesso à Baía da Babitonga. Aliás, a questão da dragagem é crucial para todos os portos brasileiros, entre eles o de Santos, maior da América Latina. O Poder Público deve dar atenção especial à melhoria dos canais de acesso aos portos, via obras de dragagens, para que os terminais mais modernos e eficientes do país possam utilizar todo o seu potencial em benefício da cadeia produtiva nacional”, advertiu ele, apontando a dragagem como um dos problemas que merecem grande atenção por parte do governo, ao lado da necessidade de se padronizar e uniformizar a atuação dos muitos órgãos intervenientes nos portos. “Isso seria algo que proporcionaria ganhos em eficiência”.
          No próximo ano, o porto espera receber a liberação do IBAMA para as ampliações, que serão feitas com recursos próprios dos sócios controladores Aliança Navegação, Logz Logística Brasil S/A e Grupo Batistella. Itapoá possui hoje um cais de 630 metros de comprimento (calado de 16 metros) e pátio de 156 mil metros quadrados. Pelo projeto de ampliação, com investimentos de R$ 1 bilhão, em duas fases, o cais passará a ter 1.200 metros de extensão, com pátio de 450 mil metros quadrados.

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