Na minuta da delação premiada do ex-diretor internacional da
Petrobrás, Nestor Cerveró, há anotações do executivo à mão dizendo que a
presidente Dilma "sabia de tudo de Pasadena" e que inclusive estaria
cobrando o então diretor pelo negócio, tendo feito várias reuniões com
ele. O acordo de Cerveró foi firmado com a Procuradoria-Geral da
República e submetido ao ministro do Supremo Teori Zavascki, que ainda
não decidiu sobre sua homologação.
O fato veio à tona nas conversas gravadas entre o líder do governo
no Senado, Delcídio Amaral, o advogado Edson Ribeiro, que defendia
Cerveró, e o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró. No diálogo, o
senador revela que teve acesso ao documento sigiloso da delação do
executivo por meio do banqueiro André Esteves, CEO do banco BTG Pactual e
questiona sobre as citações à presidente manuscritas na minuta do
acordo de delação.
Na gravação, o filho de Cerveró confirma que as anotações são mesmo
de seu pai. Os áudios dos encontros do político com o advogado,
gravados por Bernardo Cerveró, foram utilizados pela Procuradoria-Geral
da República para pedir a prisão de Delcídio, André Esteves, Edson
Ribeiro e o chefe de gabinete do senador.
No documento, conforme menciona Delcídio na gravação, há
referências de que Dilma "sabia de tudo" e que ela "estava acompanhando
tudo de perto", tendo inclusive cobrado Cerveró sobre o negócio. A
aquisição da refinaria de Pasadena é investigada por Polícia Federal,
Tribunal de Contas da União, Ministério Público por suspeita de
superfaturamento e evasão de divisas. O conselho da Petrobrás autorizou
em 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do
Conselho de Administração da estatal, a compra de 50% da refinaria por
US$ 360 milhões.
Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi
obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma
empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão - cerca R$ 2,76
bilhões. Segundo apurou o TCU, essas operações acarretaram em um
prejuízo de US$ 792 milhões à Petrobrás.
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