A brasileira Isela Costantini, 44, será a nova presidente da
companhia aérea Aerolíneas Argentinas. Seu nome estava sendo especulado
nos últimos dias e foi confirmado nesta segunda (30) pela equipe do
presidente-eleito argentino Mauricio Macri.
Reestatizada no primeiro mandato da presidente Cristina Kirchner,
em julho de 2008, quando pertencia ao grupo espanhol Marsans, a
Aerolíneas acumula prejuízo que, em 2014, somou US$ 363 milhões - o que
seria equivalente a uma perda diária de quase US$ 1 milhão ao longo de
todo o ano passado.
Mesmo assim, a empresa é tratada como uma das joias da coroa do
governo que termina. A presidente costuma usá-la como exemplo de
progresso e investimento estatal. E também como um termômetro do aumento
do poder aquisitivo da classe média que, nas palavras de Cristina,
passou a viajar ao exterior a bordo da companhia.
Na gestão da presidente, o número de voos operados pela empresa
dobrou, e a Aerolíneas passou a voar para todas as províncias do país.
Para kirchneristas, como o atual presidente da estatal, Mariano Recalde,
estaria aí o principal motivo para a operação deficitária.
No entanto, Macri e seus aliados respondem com o argumento de que a
empresa recebe financiamento do tesouro argentino e é mal administrada.
Neste ano, a Aerolíneas receberá US$ 464 milhões em impostos pagos por
toda a sociedade argentina, inclusive os que não viajam de avião.
Durante a campanha, kirchneristas divulgaram ameaças de que Macri,
se eleito, privatizaria a empresa. O candidato, que tem um perfil
empresarial e é de orientação política de centro-direita, negou a
intenção, embora tenha se pronunciado no passado contra a estatização da
companhia aérea.
Após sua vitória, no último dia 22 de novembro, Macri reafirmou que
manteria a Aerolíneas estatizada. Mas indicou uma executiva
profissional para controlá-la. Paulistana, filha de argentinos, Isela
deixará a presidência da General Motors e da associação que reúne as
montadoras que operam na Argentina (Adepa).
Formada em comunicação social, ela trabalhou para a empresa
automotiva desde 1998. Em 2012, se tornou presidente da operação da GM
na Argentina, Paraguai e Uruguai. Além da questão financeira, Isela se deparará com uma investigação policial no comando da aérea. A Aerolíneas está no centro do mais rumoroso escândalo de corrupção
do país, o caso Hotesur, que envolve denúncias de corrupção contra a
família Kirchner.
A Justiça investiga suposto desvio de recursos públicos e lavagem
de dinheiro por meio do pagamento de diárias de hotel fictícias de
tripulantes da Aerolíneas Argentinas no Hotel Alto Calafate, de
propriedade da família presidencial. Os investigadores desconfiam que boa parte das diárias tenha sido
paga sem que funcionários da empresa se instalassem no hotel. A família
da presidente rejeita a acusação.
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