sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Seca nas lavouras argentinas reduz produção e exportação de trigo e reflete em empresas brasileiras do setor

A seca que atinge as lavouras de trigo na Argentina vai reduzir a produção local no ciclo 2023/24 e também a disponibilidade do cereal para exportação. A crise hídrica poderá ter reflexos diretos sobre empresas brasileiras como Camil e M.Dias brasnco. O país vizinho atende, sozinho, 25% da demanda de 15,2 milhões de toneladas do Brasil.

Nesta semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizou sua estimativa para a produção argentina de trigo na safra 2023/24, com um corte de 12% em comparação ao previsto há seis meses. A nova projeção aponta para uma colheita de 14,5 milhões de toneladas, 2 milhões a menos que o prognóstico feito em abril.

Em abril, os produtores argentinos planejavam ampliar a área plantada no trigo. Havia a expectativa que o La Niña daria lugar ao El Niño, trazendo mais chuvas que o normal para a região agrícola e alívio depois de três anos consecutivos de estiagem.

“Isso ainda não ocorreu na maior parte da área de cultivo de inverno, resultando em uma área plantada menor do que o planejado anteriormente e na perda de alguns campos de trigo”, diz o relatório do USDA. Com rendimentos abaixo do esperado, muitos produtores estão desistindo da colheita e abrindo as porteiras para que o rebanho bovino se alimente do que restou.

Reflexo da produção menor, as exportações não vão superar 10 milhões de toneladas. O volume é 13% inferior ao previsto anteriormente e ocorre em um momento em que a Argentina precisará de dólares para equilibrar as contas, com a chegada de um novo governo a partir de dezembro.

O governo argentino permitiu que os certificados de exportação emitidos na safra 2022/23 sejam rolados para o próximo ciclo e utilizados durante os quatro primeiros meses da nova safra. Estima-se que entre 4,5 milhões e 5 milhões de toneladas de trigo estejam enquadradas nessa situação, o que permitirá à Argentina embarcar entre 6 e 7 milhões de toneladas

“As exportações da safra 2022/23 estão previstas em 3,9 milhões de toneladas, 600 mil abaixo do projetado, e menos de um terço da estimativa inicial. Os embarques de dezembro de 2022 a setembro de 2023 totalizaram aproximadamente 3,35 milhões de toneladas, faltando mais dois meses para o encerramento da campanha comercial”, diz o USDA.

 

 

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