A Maersk Line, maior armador de navios de contêineres do mundo e
líder nos tráfegos de longo curso, se adiantou ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e colocou à venda sua empresa
de cabotagem no Brasil, a Mercosul Line - uma das três do mercado da
navegação doméstica em contêineres, com quatro navios.
A Maersk precisa vender a Mercosul Line para evitar concentração no
mercado de cabotagem brasileiro. O grupo dinamarquês está comprando a
alemã Hamburg Süd, que é dona da Aliança, líder dos tráfegos marítimos
domésticos brasileiros. Juntas, Mercosul Line e Aliança têm quase 80% da
capacidade total em Teus (contêiner padrão de 20 pés) - sendo 59% da
Aliança e 21% da subsidiária da Maersk.
Apesar de crescer a quase dois dígitos nos últimos anos, a cabotagem
de contêineres no Brasil é um mercado de poucos operadores. Além da
Mercosul Line e Aliança, a outra concorrente do segmento é a Log-In. Com
capital aberto na Bovespa, a Log-In tem a Alaska Investimentos como
maior acionista individual.
O escritório do grupo de origem dinamarquês em São Paulo tem recebido
uma série de visitas. O Valor apurou que entre os potenciais
interessados na Mercosul Line estão grandes armadores de linhas
internacionais presentes no Brasil, como a francesa CMA CGM - que já
quis entrar no negócio da cabotagem.
Outros nomes comumente citados pelo mercado como eventuais
interessados são a Mediterranean Shipping Company (MSC), segundo maior
armador do mundo, a alemã Hapag Lloyd, a japonesa Nippon Yusen Kabushiki
Kaisha (NYK) e a chinesa Cosco Shipping. Todos gigantes no transporte
de longo curso.
A cabotagem brasileira é considerada um mercado com barreiras para
estrangeiros. Para atuar no negócio, a empresa precisa construir
embarcações no Brasil ou importar navios novos. Esses dois fatores
dificultam a atração de novos companhias. Nos anos recentes, os
estaleiros nacionais estavam tomados por encomendas da indústria
offshore, que viveu um bom momento, e o imposto de importação para
trazer navios torna o negócio muito caro.
A Maersk Line confirmou "a intenção de vender a Mercosul Line". Ela
informou que a decisão tem o propósito de assegurar que o Cade aprove
rapidamente a aquisição da Hamburg Süd. "O desinvestimento vai garantir
que o setor de cabotagem brasileiro permaneça competitivo e que os
clientes possam se beneficiar de um amplo leque de 'players'", afirmou
ao ser questionada pelo Valor. Sobre os possíveis interessados, a
companhia disse que "não comenta".
A frota da Aliança reúne os maiores navios em capacidade nominal.
Entre 2013 e 2014, a Aliança reestruturou sua frota com um investimento
de R$ 700 milhões na compra de seis navios porta-contêineres com
capacidades que variam de 3.800 Teus a 4.800 Teus. Atualmente, a empresa
conta com onze embarcações em operação no serviço e atua em 15 portos
com um total de 104 escalas mensais. A despeito da crise, a Aliança
projeta crescimento entre 3% e 5% neste ano no volume de cargas. Em
2016, registrou alta de 7% na cabotagem, com 210 mil contêineres
transportados pela costa.
A Maersk Line anunciou no fim de 2016 que fechou acordo para compra
da Hamburg Süd, sétimo maior armadores de contêineres do mundo e líder
na cabotagem brasileira e nos tráfegos de longo curso que envolvem o
Brasil. O negócio deve ser concluído ainda neste ano.
A Maersk Line teve receita de US$ 20,7 bilhões em 2016, queda de 13%
sobre 2015. O montante representou 58% da receita do grupo Maersk, que
atua ainda em outros setores.
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