O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou que o acesso aos mercados da União Europeia é uma prioridade do
Mercosul. “Estamos trabalhando muito intensamente para fazer um acordo
do Mercosul com a União Europeia, para ter acesso aos mercados da União
Europeia, receber mais investimentos. Hoje é uma prioridade nossa, da
nossa diplomacia, concretizar esse acordo, que está indo muito bem”,
disse.
Aloysio Nunes esteve do jantar de encerramento do 1º Fórum
Espanha-Brasil na noite desta segunda-feira, no Hotel Hilton, na
capital paulista, que teve a participação do presidente do governo
espanhol, Mariano Rajoy. O fórum teve a presença de representantes dos
governos, das empresas e da sociedade civil de ambos os países com o
objetivo de favorecer o desenvolvimento das relações entre as duas
nações.
O ministro comparou a situação econômica dos dois países.
“A Espanha teve uma queda do PIB [Produto Interno Bruto, soma das
riquezas produzidas em um país] de 10% em cinco anos. Nós perdemos 10%
em dois anos no Brasil. E o caminho é esse, é controlar a inflação,
controlar o gasto público, modernizar o estado, fazer as reformas
trabalhistas que precisam ser feitas, a Previdência também. Lá [na
Espanha], eles têm hoje o Orçamento do governo central, [do qual] 40% é
despesa previdenciária. Também pesa muito e eles estão precisando mudar
isso”, avaliou.
Durante o fórum, que
teve painéis e exposições de convidados, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso participou de um dos painéis e falou das consequências
da globalização na distribuição de emprego. “A globalização, fruto desse
desenvolvimento tecnológico, aumenta a produtividade, aumenta a renda e
não aumenta o emprego. Esse é um problema. Nós vamos ter que enfrentar
essa questão que não é diretamente econômica. É política, social e
econômica, vem tudo junto”, disse.
Sobre essa questão, FHC citou
uma conversa que teve com o empresário mexicano Carlos Slim. “Há algum
tempo atrás ele me disse 'eu vou tentar convencer meus amigos na Europa
que eles têm que reduzir a jornada de trabalho'. Pode parecer absurdo
reduzir a jornada de trabalho, mas como é que nós vamos dar emprego para
essa gente, com o aumento da produtividade que vem pela frente?”.
FHC
comparou a fala de Slim ao pensamento de Karl Marx: “no futuro, a
produtividade vai aumentar, cada um vai ser o que quiser, um vai pescar,
outro vai rezar, outro vai plantar. Isso é uma utopia, não vai ser
assim”, disse o ex-presidente. “Mas o fato é que estamos diante de um
momento em que o aumento da produtividade é colossal, essa produtividade
aumenta a renda, a renda se concentra e a capacidade de oferecer
emprego [diminuiu]”.
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