Se por um lado o aumento da safrinha de milho no Brasil nos últimos
anos ampliou a oferta global do cereal e afetou a estratégia americana
de comercialização nesse mercado, por outro a expansão da colheita de
soja nos EUA nos últimos anos passou a pesar no tabuleiro da oleaginosa
num momento em que o comando do jogo é da América do Sul.
Essa interferência é flagrante nesta safra 2016/17, encerrada no
Hemisfério Norte no segundo semestre do ano passado e já na reta final
no Hemisfério Sul. Recorde, o conjunto da produção, por si só, já tem
sido um fator "baixista" sobre as cotações nos polos agrícolas do
Brasil. Mas com o ritmo ainda forte das exportações dos EUA, o espaço
para a valorização do grão está ainda menor.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que a safra
mundial de soja somará 346 milhões de toneladas em 2016/17, puxada por
americanos (33,9% do total) e brasileiros (32,1%). E projeta as
exportações do Brasil em 61,9 milhões de toneladas, ante 55,1 milhões
dos EUA. Ocorre que, segundo o USDA, do início do ciclo (setembro) até 6
de abril os EUA embarcaram 55,5 milhões de toneladas, e têm estoques à
disposição para ampliar as vendas nos próximos meses.
Nesse contexto de oferta confortável para os importadores - a China
lidera as compras -, o espaço para altas é limitado no Brasil. O
indicador Esalq/BM&FBovespa para a saca de 60 quilos no porto de
Paranaguá (PR) ronda atualmente os R$ 66, cerca de R$ 10 a menos que no
mesmo período de 2016. E os produtores estão segurando ao máximo suas
vendas. As exportações estão volumosas porque a safra é vultosa, mas o
ritmo poderia estar ainda mais acelerado.
Em algumas regiões, o movimento está até menor que no ano passado.
Levantamento da concessionária Rota do Oeste, que administra o trecho da
BR-163 entre os municípios de Itiquira e Sinop, em Mato Grosso, apontou
queda de 14% no fluxo de veículos no primeiro trimestre. Assim, crescem
as preocupações em torno da armazenagem desses grãos, já que vem por aí
uma também polpuda safrinha de milho.
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