O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está
concluindo uma reformulação em sua atuação no mercado de capitais. A
meta é lançar até junho uma nova política para definir a compra de
participações acionárias ou investimentos em títulos de dívida
corporativa, também conhecidos como debêntures. A instituição promete
uma presença mais atuante nesse segundo segmento, disse a
diretora de Mercado de Capitais do BNDES, Eliane Lustosa.
Segundo a executiva, um dos objetivos é dar mais liquidez ao mercado
secundário de debêntures, uma antiga demanda dos investidores
institucionais (como grandes fundos de pensão brasileiros e grandes
investidores estrangeiros). Eliane adiantou que o banco lança hoje a
chamada pública para selecionar o gestor de um fundo de até R$ 200
milhões de “venture debt”, para oferecer financiamento a pequenas
empresas inovadoras. Um fundo de recebíveis também está nos planos para o
segundo semestre, com foco em médias empresas.
A BNDESPar, empresa de participações do banco, é o maior investidor
institucional do País, lembrou Eliane. A carteira total encerrou 2016
avaliada em R$ 92,5 bilhões. Com a nova política operacional, a ideia é
ter regras mais claras sobre a atuação desse “gigante” do mercado. “A
gente tem trabalhado no sentido de dar mais transparência às escolhas
nas entradas dos investimentos, seja em equity (ações), seja em dívida”,
disse.
Novo foco. Em janeiro, o BNDES anunciou a nova política operacional
para as operações de crédito, reservando as melhores condições em termos
de juros e prazos aos projetos com atributos que sinalizem benefícios
públicos (“externalidades”) maiores do que os privados (a rentabilidade
do investidor).
À época, a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, explicou
que a ideia é mudar o foco das prioridades do banco dos setores para as
características dos projetos. Investimentos em infraestrutura social
(como o saneamento básico), inovação, eficiência energética e ambiental,
por exemplo, serão favorecidos.
Segundo Eliane, os mesmos princípios guiarão as políticas
operacionais para o mercado de capitais. Será acrescentado um atributo: o
desenvolvimento do mercado em si. Aí estão incluídas tanto as ações
para ampliar a liquidez quanto aquelas para oferecer acesso a empresas
que não operam no mercado.
Esse é o intuito do fundo de “venture debt”. O instrumento
financeiro, voltado para empresas iniciantes, ainda não existe no País,
que já possui fundos especializados em “venture capital”. Famosos no
Vale do Silício, os fundos de “venture capital” aportam recursos em
empresas iniciantes, principalmente no setor de tecnologia da
informação, em troca de fatias na composição acionária. No “venture
debt”, em vez de vender parte de seu capital, a empresa emite títulos de
dívida a serem comprados pelo fundo.
Segundo o chefe do Departamento de Investimento em Fundos do BNDES,
em países desenvolvidos, as operações de “venture debt” respondem por
cerca de 10% do total aplicado em “venture capital”. No Brasil, o BNDES
estima que esse segmento tem potencial para chegar a R$ 1 bilhão.
O BNDES espera lançar o novo fundo em até 180 dias. Poderão recorrer a
ele firmas com faturamento anual de, no máximo, R$ 90 milhões, dos
setores de tecnologia da informação, novos materiais, biotecnologia,
nanotecnologia e audiovisual. A BNDESPar investirá até R$ 80 milhões,
limitados ao teto de 50% no patrimônio máximo de R$ 200 milhões.
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