O paradoxo é que, historicamente, o Canal de Suez foi construído entre 1859 e 1869, justamente como alternativa ao trânsito marítimo entre o Mar Vermelho e o Mediterrâneo, de forma a evitar o longo percurso pelo Cabo da Boa Esperança. As obras, patrocinadas por Egito e França e conduzidas pelo francês Ferdinand de Lesseps, receberam uma minuciosa visita do imperador brasileiro Dom Pedro II, que buscava conhecimento e inspiração para desenvolver a economia do Brasil. O imperador não pôde comparecer à cerimônia de inauguração, no entanto escreveu uma narrativa na qual descreve uma “Viagem Imaginária à Abertura do Canal de Suez”.
O desconto oferecido pela autoridade de Suez não se aplica a todos os navios porta-container que passam pelo canal, e tende a ser especificamente dirigido a embarcações cujas rotas apresentem a possibilidade de desvio pelo Cabo da Boa Esperança. Outros navios podem requerer o desconto à SCA (Suez Canal Authority) por meio de sua agência de navegação. Para isso, os armadores precisam enviar um certificado do porto de origem, e declaração de chegada ao próximo destino, dentro do prazo de 60 dias a partir do trânsito no canal.
Os descontos começaram a ser aplicados no início de março e vão expirar em 5 de junho, quando poderão ser renovados, a critério da SCA. O Canal vem lutando para justificar a dispendiosa expansão que permitiu o tráfego em via dupla que inaugurou em agosto, graças ao qual a SCA previu aumento de receita de até 260% até 2023. Entretanto, analistas vêm questionando o embasamento dessa estimativa, uma vez que ela depende intrinsecamente de um aumento nos volumes globais de mercado até a data estabelecida.
Suez também está prestes a entrar em uma competição acirrada com o Canal do Panamá, assim que as novas eclusas, maiores do que as atuais, forem inauguradas, permitindo a passagem de navios de até 14 mil Teus a partir de junho. As atuais limitações do Panamá garantiram para o Canal de Suez um mercado relativamente cativo de meganavios na rota entre a Ásia e a Costa Leste dos EUA, um cenário que está prestes a mudar.
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