A jornalista Helena Chagas, do GGN, afirmou que o
inquérito em que o presidente da República Michel Temer é investigado pelo decreto dos Portos –
que pode ter gerado pagamento de propina a partir do benefício a
empresas amigas do presidente, como a Rodrimar – está mais adiantado do
que a denúncia por obstrução de Justiça. Artigo da jornalista sugere que
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, tem tido dificuldade de
provar o conteúdo da gravação Joesley Batista. É nesse contexto que está
a delação de Eduardo Cunha.
Não é fácil processar e condenar alguém por obstrução de justiça,
incluindo presidentes da República. Uma coisa é apontar, outra é provar –
a mostrar isso está aí o relatório da Policia Federal da semana passada
inocentando os senadores peemedebistas Romero Jucá, Renan Calheiros e
José Sarney desse crime nas conversas gravadas pelo ex-presidente da
Transpetro, Sergio Machado, sobre a Lava Jato. É por isso que, segundo
advogados interlocutores dos investigadores da LJ, o PGR Rodrigo Janot
ainda não apresentou a segunda denúncia contra o presidente Michel
Temer.
Assim como a PF não encontrou provas concretas de que a simples
conversa dos senadores maldizendo a LavaJato tenha resultado em ação
concreta contra ela – e é bom deixar claro que, em se tratando de
parlamentares, a apresentação de projetos não é obstrução de justiça -, o
MPF precisa de uma prova contra Temer nesse caso. Por exemplo, a
confirmação, nas delações premiadas de Eduardo Cunha e/ou Lucio Funaro,
de que de fato suas famílias recebiam mesada da JBS, a pedido de Temer,
para mantê-los de boca calada na cadeia.
As delações de Cunha e Funaro estão sendo negociadas e parecem ainda
não ter chegado a um acerto final. Sem elas, Janot só tem a gravação de
Joesley Batista com Michel Temer para sustentar essa denúncia.
A demora, porém, não impedirá nova denúncia antes de Janot deixar o
cargo em setembro, segundo advogados que orbitam na PF. Pelo que se
sabe, uma outra linha de investigação estaria correndo mais rapidamente,
aquela que apura corrupção relacionada a concessões no Porto de Santos,
também envolvendo o ex-assessor Rocha Loures e empresas como a
Rodrimar, que teriam sido beneficiadas por decretos do governo. Além de
corrupção, esse caso pode render ainda uma acusação por organização
criminosa. (fonte: jornal GGN)
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