Secretários de Meio Ambiente de municípios do litoral norte de São Paulo divulgaram, no final da tarde desta segunda-feira (14), uma carta aberta
criticando as autoridades marítimas e portuárias, após o acidente que derrubou 45 contêineres de
um navio no Porto de Santos, na última sexta-feira (11). O documento é
assinado por oito municípios. Apenas Peruíbe não está na lista de
assinaturas do documento conjunto.
As prefeituras cobram das autoridades mais
agilidade no fluxo das informações de cargas transportadas em navios.
Isso porque os municípios não sabiam se o material que acabou no mar
poderia ameaçar a saúde pública.
“A
queda de contêineres no mar, é portanto, um novo sinal de alerta, mais
uma advertência para toda a sociedade, principalmente quando sabemos que
o Porto de Santos recebe, por ano, mais de 3 milhões de contêineres”,
ressaltam em parte do documento.
A
queda dos contêineres no mar ocorreu durante a madrugada da última
sexta-feira, quando a embarcação da Log In Pantanal aguardava para
entrar no Porto de Santos. Segundo a armadora, os contêineres se
desprenderam devido ao mau tempo.
Alguns
contêineres abriram e parte das mercadorias transportadas se espalharam
pelo mar. Bicicletas, mochilas, roupas e até aparelhos de ar
condicionado estavam entre as cargas armazenadas. Apesar do susto,
ninguém se feriu.
Confira a íntegra do documento:
Ao
invés de famílias caminhando pela orla e grupos praticando lazer e
esporte, o cenário do último final de semana nas praias da região
poderia ter sido muito, muito diferente – ecossistema marinho
contaminado, vidas afetadas, infraestrutura comprometida, comércio e
turismo prejudicados.
A
queda de 47 contêineres no mar é, portanto, um novo sinal de alerta,
mais uma advertência para toda a sociedade, principalmente quando
sabemos que o Porto de Santos recebe, por ano, mais de 3 milhões de
contêineres.
Diante disso, que constatações tiramos do acidente com o navio Log in Pantanal?
A mais alarmante é o silêncio com que as autoridades portuárias trataram o tema.
Sob
que circunstâncias e por quais motivos agiram assim, não se sabe. O que
ficou patente, porém, foi o silêncio, um comportamento que parece se
tornar praxe nessas ocasiões, o que gera uma profunda sensação de
insegurança.
E
isso em um porto que, salientamos, recebe mais de 3 milhões de
contêineres por ano, um porto no qual, recentemente, descobriram-se,
esquecidos (!), centenas de cilindros de substâncias altamente tóxicas,
capazes de provocar uma catástrofe sem precedentes.
Nós,
como secretários de Meio Ambiente da Baixada Santista, queremos
construir uma relação de reciprocidade. Queremos que haja confiança e
parceria em tudo que cerca a relação porto-cidade.
Mas,
para isso, precisamos, acima de tudo, de transparência – um princípio
basilar em qualquer convívio que conjuga dignidade com profissionalismo.
Nós,
como secretários de Meio Ambiente da Baixada Santista, exprimimos aqui,
nesta Carta Aberta, não apenas a nossa preocupação, mas também e
principalmente o anseio de que tais fatos, dentro desse contexto de
desinformação, não se repitam jamais.
Acidentes
acontecem. Que todos estejamos preparados, alertas e definitivamente
unidos para atuarmos conjuntamente. Essa é a verdadeira forma de
demonstrar respeito por todos que aqui vivem e nos visitam.
*No documento, as secretarias falam da queda de 47 contêineres, com base em informações do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). Já a empresa afirma que o acidente envolveu apenas
45 contêineres.
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