A descarga de soja e farelo de soja utilizando o meio ferroviário
para transporte aumentou 182% no corredor de exportação do Porto de
Paranaguá entre os meses de janeiro a agosto deste ano, se comparado com
o mesmo período de 2016. Ao todo, foram descarregadas 206.635 toneladas
de grãos por trem, contra 73.260 toneladas trazidas no ano passado.
Para que se tenha ideia, apenas no mês de julho, chegaram ao corredor
de exportação 1.760 vagões, contendo 55 toneladas cada um, o que
totaliza 96,8 mil toneladas. Os números de julho representam um aumento
de 6.940% no comparativo com o mês de julho de 2016, quando foram
descarregados apenas 20 vagões pelo modal ferroviário, contendo 1,1 mil
toneladas.
“As ferrovias são estratégicas para o escoamento da produção agrícola
do Paraná e de outros estados que exportam grãos pelo terminal
portuário paranaense”, afirma o secretário de Infraestrutura e
Logística, José Richa Filho.
Já o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) recebeu, entre os
meses de janeiro e julho de 2017, 24.334 teus (unidade de medida
equivalente a um contêiner de 20 pés) por ferrovia.
O diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e
Antonina (Appa), Luiz Henrique Dividino, conta que o aumento se deve a
uma nova dinâmica na programação de descarga no Corredor de Exportação e
no TCP, que passou a priorizar a ferrovia.
“Investimentos que totalizam mais de R$600 milhões e incluem a compra
de equipamentos como os novos tombadores de caminhões, nos permitiram
mudar a dinâmica de recebimento de cargas pelo modal ferroviário,
apostando cada vez mais na intermodalidade”, afirmou Dividino.
O corredor de exportação do Porto de Paranaguá e o silo
público contam com duas moegas para descarga via ferrovia. Uma delas é
exclusiva para vagões e a outra atua de maneira alternada entre a
descarga via modal ferroviário e rodoviário.
No entanto, com a aquisição dos novos tombadores - o que ampliou a
descarga de caminhões de 400 para 700 por dia no silo público do porto -
a diretoria da Appa passou a priorizar uma das moegas para a descarga
de vagões.
Com isso, atualmente, o Porto de Paranaguá - com capacidade para
descarga de 32 milhões de toneladas/ano, o que equivale a 1785 vagões
por dia ou 89.250 toneladas/dia - encontra-se preparado para uma nova
alternativa ferroviária.
Atualmente Paranaguá conta com 70 quilômetros de linhas férreas,
sendo 7,5 quilômetros instalados no Corredor de Exportação do Porto.
Para o presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin
Araujo, o aumento da capacidade de recebimento de vagões demonstra que o
Porto de Paranaguá está preparado para receber carga do projeto de
expansão da ferrovia entre Cascavel e Dourados, no Mato Grosso do Sul,
assim como a construção do novo trecho entre Guarapuava e Paranaguá.
Segundo ele, chegam anualmente a Paranaguá 9 milhões de toneladas de
grãos pelas ferrovias, mas que a capacidade de recebimento do Porto é
muito maior.
“O Porto de Paranaguá movimenta anualmente 45 milhões de toneladas de
produtos por ano, sendo que apenas 20% deste total chega por ferrovia. O
Porto de Santos, por exemplo, recebe 40% da sua carga por vagões”,
explica Araujo. Segundo ele, este índice de 20% de cargas transportadas
por vagões tem se mantido nos últimos anos e comprova o limite das
ferrovias no Paraná.
Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam a
capacidade ociosa e ocupada por trecho em cada ferrovia do país. No caso
do Paraná, os dois maiores gargalos logísticos ferroviários estão entre
Curitiba e Paranaguá e Guarapuava e Ponta Grossa.
“Vendo a necessidade de aumento do transporte ferroviário, a
Secretaria de Infraestrutura e Logística, por meio da Ferroeste, está
buscando estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para
superar estes dois maiores gargalos logísticos do Paraná”, enfatiza.
Dividino destaca que, enquanto a produção agrícola faz uso de
tecnologias de ponta e o Porto de Paranaguá investiu pesado em novos
equipamentos e infraestrutura, a ferrovia que não foi modernizada. “A
ferrovia que conecta a produção com o Porto de Paranaguá foi construída
de 1885, por D. Pedro II. Precisamos de uma ferrovia com engenharia do
século 21, produtiva e competitiva e com o modelo ambiental necessário”,
defende Dividino.
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