Redesenhar, ainda neste ano, as linhas férreas
localizadas na Ponta da Praia e facilitar o acesso de trens carregados
com cargas aos terminais daquela região. Esse é o objetivo de um estudo
que vem sendo elaborado pela ADM do Brasil, em parceria com terminais
vizinhos. E esse pode ser um dos investimentos necessários para uma nova
renovação de contrato de arrendamento com o Governo Federal.
Até
janeiro do próximo ano, a ADM pretende concluir seu plano de modernizar
suas instalações e ampliar em 50% a exportação de grãos da unidade. Com
esse aporte, a empresa aumentará a capacidade de embarque dos grãos de
sua unidade portuária dos atuais 6 milhões para 8 milhões de toneladas
por ano. O plano foi feito com o objetivo de garantir a renovação do
contrato de arrendamento do terminal que, agora, vale até 2037. O
projeto prevê um investimento de R$ 280 milhões.
“A
gente está avaliando outros investimentos na Baixada Santista, mais
voltados à área ferroviária. Também não deixa de ser um ponto positivo
para a sociedade essa mudança com uma matriz mais ferroviária do que
rodoviária. A gente está, sim, investindo e avaliando novos projetos
nessa área”, destaca o diretor de Portos e Logística da ADM, Eduardo
Carvalho Rodrigues.
Segundo
o executivo, a empresa está conversando com os operadores ferroviários e
com os terminais localizados na Ponta da Praia. O objetivo é redesenhar
as linhas férreas em toda região e ampliar a utilização da matriz
ferroviária, principalmente no Corredor de Exportação.
De
acordo com Rodrigues, atualmente na ADM, 60% das cargas utilizam o
modal ferroviário para chegar ao terminal. Mas a ideia é fazer com que
esse volume cresça ainda mais, reduzindo a dependência de caminhões e,
consequentemente, o tráfego de veículos nas vias urbanas.
Segundo
dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que
administra o Porto de Santos, a média de participação do modal
ferroviário nas atividades dessas instalações é de 64%, atualmente. No
período mais crítico da safra agrícola (entre maio e outubro), em razão
da demanda, o índice cai para 39%, enquanto que em meses ociosos, como
dezembro, a utilização de trens sobe para 94%.
Executivos
do terminal chegaram a avaliar a construção de uma pera ferroviária.
Trata-se de uma linha férrea montada no formato da fruta, utilizada para
a realização do descarregamento dos vagões e a manobra dos trens. Mas o
projeto não foi considerado viável.
“A
gente avaliou a construção da pera, mas ali, por ser o final, ela iria
ocupar um pedaço daquele terreno do Ministério da Pesca, que vai virar a
Polícia Federal, se eu não me engano. Então, isso foi descartado.
Também havia uma complexidade de projeto, porque, se fizesse essa pera, a
gente teria que construir uma ponte para a pera passar por baixo e os
caminhões entrarem no terminal por cima. A engenharia e os departamentos
locais descartaram essa possibilidade”, explica Rodrigues sobre o
projeto.
Para
o diretor da ADM, ainda é cedo para definir os valores que serão
investidos na reconfiguração das linhas férreas. Mas é possível que ele
se torne uma das contrapartidas para uma futura renovação do contrato de
arrendamento do terminal.
A
ADM iniciou suas operações no Porto de Santos em 1997 e tinha 20 anos,
estabelecidos em contrato, para as operações. Em 2015, o terminal
garantiu a continuidade da exploração até 2037, usando como
contrapartida o investimento de R$ 280 milhões na construção de um novo
armazém e ainda na aquisição de equipamentos capazes de mitigar os
impactos das operações no meio ambiente.
Mas
agora, com o novo marco regulatório do setor, o Decreto dos Portos, nº
9.048, os contratos podem ser renovados até o prazo máximo de 70 anos.
Com isso, a ADM pode pleitear mais 30 anos de operações no cais
santista.
“A gente está
acompanhando de perto essas mudanças na Lei dos Portos e é até nesse
sentido que a gente vem dando mais ritmo nesse investimento sobre a
ferrovia. Porque nós estamos avaliando a questão de os terminais
arrendados passarem para 70 anos na sua concessão”, destaca o
executivo.
Segundo
Rodrigues, esta é uma estratégia que está sendo cogitada pela empresa.
“O Porto de Santos é muito importante para a estrutura da ADM no Brasil.
Então, para nós, ganhar esses 30 anos adicionais, sim, faria muito
sentido no nosso plano estratégico e, consequentemente, traríamos mais
investimentos para continuar mais tempo aqui na Baixada Santista”,
destaca o diretor do terminal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário