O
presidente do Banco Central,, disse hoje (11) que os últimos
indicadores confirmam estabilização do cenário e abertura de um caminho
para a recuperação econômica do país. “Após dois anos de
recessão, os dados recentes parecem confirmar o cenário base que
trabalhamos aqui no Banco Central: estabilizou, a recessão ficou para
trás e há perspectivas de uma recuperação gradual ao longo dos próximos
meses”, disse, ao discursar em seminário sobre estabilidade financeira,
promovido pela instituição.
Goldfajn destacou, entre os bons
resultados, o crescimento da população ocupada por quatro meses
consecutivos. No final de julho, a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) indicou a primeira queda significativa do desemprego
desde 2014, com uma redução de 0,7% no percentual da população
economicamente ativa sem trabalho. Segundo o levantamento do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego
atualmente está em 13%.
“Com a produção industrial é a mesma
coisa”, acrescentou o presidente do Banco Central, ao mencionar
indicadores que tem mostrado sinais consistentes de melhora. “Tivemos
dois trimestres consecutivos de crescimento, o que não ocorria desde
2014”, enfatizou.
O
presidente da autoridade monetária também acredita que os juros ao
consumidor devem continuar a cair nos próximos meses, acompanhando os
cortes feitos na taxa básica de juros (Selic). “É claro que está caindo
de uma forma gradual, e eu acho que isso vai continuar ao longo dos
próximos meses. Há uma defasagem natural entre a queda da taxa básica e a
queda das taxas bancárias”, ressaltou.
Na última reunião do
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em julho, a taxa
básica de juros foi reduzida em 1 ponto percentual, ficando em 9,25% ao
ano. Com o corte, a Selic chegou ao menor nível desde outubro de 2013,
quando estava em 9% ao ano. Esta é a primeira vez que os juros
básicos da economia retornam a um dígito em quase quatro anos. Desde
novembro de 2013, quando o Copom elevou a taxa para 10% ao ano, a taxa
estava em dois dígitos.
Goldfajn fez
uma defesa da proposta do governo federal de criar uma nova taxa para os
empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). A Medida Provisória 777, que estabelece a Taxa de
Longo Prazo (TLP) está atualmente sendo apreciada por uma comissão mista
no Congresso Nacional. A ideia é aproximar os juros do banco, que são
subsidiados, aos valores de mercado, diminuindo os aportes do Tesouro
Nacional para custear os financiamentos da instituição.
Para o
presidente do Banco Central, a mudança aumentaria a força das ações da
autoridade monetária para estabilizar a economia e contra a inflação,
permitindo que os juros cobrados de forma geral sejam mais baixos.
“Acabando com a meia entrada, sob o ponto de vista do Banco Central, a
potência da política monetária aumenta. Sob o ponto de vista da política
fiscal, torna mais transparente o subsídio. O que é implícito se torna
explícito”, afirmou.
A TLP será composta pela variação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e por taxa de juros real
prefixada mensalmente, de acordo com o equivalente ao rendimento real
das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN- B) no prazo de cinco anos.
A NTN-B reflete o custo de captação do Tesouro Nacional, o mais baixo
do mercado.
“A nossa taxa de juros estrutural da economia vai ser
menor. Portanto, vamos democratizar os juros baixos no Brasil”,
enfatizou Goldfajn ao apresentar os pontos positivos da mudança. Segundo
o Ministério da Fazenda, o país gastou R$ 723 bilhões com subsídios
para o setor privado em um período de 10 anos, encerrado em dezembro de
2016. Os empréstimos subsidiados do BNDES tem, atualmente, juros de 7%
ao ano. Quanto maior sua distância da Selic, taxa básica de juros da
economia, hoje em 9,25% ao ano, maior o custo para o Tesouro.
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