Os 115 cilindros com gases tóxicos "esquecidos" no Porto de Santos, serão destruídos em alto-mar em até dez dias, se todo o plano de trabalho
for aceito pelas autoridades. A proposta
foi apresentada nesta semana pela Companhia Docas
do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), ao Grupo de
Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério
Público Estadual, na sede do órgão, em Santos.
Nesta
terça-feira (8), o plano elaborado para a destruição dos produtos
químicos será apresentado ao Instituto Brasileiro de Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) e à Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP). O
aval da Autoridade Marítima é necessário para o andamento de todo o
processo.
A recomendação da Suatrans, Atendimento Emergencial, empresa
contratada pela Docas para monitorar os cilindros, é de que os gases
sejam destruídos a, pelo menos, 232 quilômetros da costa – quase seis
vezes a distância entre a orla e o Parque Estadual Marinho da Laje de
Santos (que está a 42 quilômetros). A medida visa garantir a segurança
da operação. Além disso, o espaço marítimo e também o aéreo deverão ser
isolados em um raio de cinco quilômetros.
Sete
cilindros contêm gases explosivos e 108, inflamáveis. Por conta disso, a
destruição será feita de quatro maneiras, conforme o produto
armazenado, pois há um método indicado para cada produto. De acordo com o
Gaema, 15 cilindros contém diborano, 41 estão carregados com silano, 34
com fosfina, 16 com cloreto didrogênio, oito com diazometano e um com
trifluoreto de boro.
“Para
cada produto, há um método de destruição, com alternativas estudadas
para eventual falha, sendo as características físicas e químicas
distintas. E há um risco maior existente pelo fato da possível
degradação química dos produtos, em virtude do tempo de armazenamento,
mais de 20 anos”, destacou a promotora de Justiça do Gaema, Almachia
Zwarg Acerbi.
O transporte
dos produtos será feito por balsas. Também está prevista a presença de
uma embarcação de apoio operacional e logístico.
“Com
a escolha da forma, em 10 dias, a gente consegue fazer toda a logística
e viabilizar. Mas não depende só da gente”, destacou o diretor de
Engenharia da Docas, Hilário Gurjão, que participou da reunião na sede
do Gaema. “A gente vai depender da anuência dos órgãos: Ibama e
Capitania dos Portos. Vamos encaminhar e, tão logo eles respondam, nós
já vamos estar preparados para o procedimento”, completou.
Segundo
o Gaema, toda a resposta de emergência na operação foi analisada com o
apoio de um software desenvolvido para detectar cenários de terrorismo
com armas de destruição química.
De
acordo com o plano de trabalho encaminhado pela Docas, a operação para
os gases explosivos (diborano e diazometano) será feita à distância, com
acionamento remoto. Já para o silano, foi construído um reator, que
será usado na destruição. Foi elaborado, ainda, um sistema de lavagem de
gás para o cloreto de hidrogênio e trifluoreto de boro. Já a fosfina
será destruída mediante pirolise, um fenômeno de destruição térmica.
Quatro
opções haviam sido cogitadas pela Suatrans para o descarte dos gases
tóxicos. A Pedreira Engebritas foi descartada pelo risco de seu acesso e
a necessidade de transporte terrestre entre Santos e Cubatão. A Ilha de
Bagres, no Canal do Estuário, também foi considerada inviável em
virtude de condições de vegetação, da proximidade de um terminal
portuário e da presença de pessoas no entorno.
A
destruição dos gases na Base Aérea de Santos, em Guarujá, também foi
considerada inviável por conta de condições climáticas e da proximidade
de populações.
Os últimos
detalhes para a destruição dos cilindros serão discutidos na próxima
sexta-feira, no Gaema. A ideia é que, nesta ocasião, todos os
apontamentos de órgãos anuentes já tenham sido feitos.
Também
ontem, a promotora Almachia Acerbi criticou a ausência do prefeito de
Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), em uma reunião para tratar do
assunto, na semana passada. “É lamentável a ausência do prefeito diante
de uma matéria tão complexa para ser discutida”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário