A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Centro Tecnológica da Marinha buscam,
em parceria, produzir urânio metálico usado como combustíveis para
reatores de pesquisa.
O presidente da INB, João Carlos Tupinambá,
explicou que, em aproximadamente 30 dias, deve ser apresentar a
primeira proposta de exportação de urânio metálico para a Argentina.
“Estamos na fase de viabilidade técnica, antes do estudo
econômico-financeiro. Em aproximadamente 30 dias daremos o pontapé
inicial e aguardaremos o retorno da Argentina”, disse.
“Entrar
nesse mercado significa rentabilizar os investimentos e esforços
tecnológicos que o Brasil fez durante anos em pesquisa de enriquecimento
de urânio, além de ser geopoliticamente importante para o país”. A
INB já fornece combustível nuclear para as usinas de Angra, na Costa
Verde do estado do Rio, e exporta urânio enriquecido para a Argentina.
Tupinambá
afirmou que o urânio metálico pode custar até 40 vezes mais que o
urânio natural. O urânio é enriquecido por outros 11 países, além do
Brasil. Argentina e Brasil são os únicos com essa tecnologia na América
do Sul, o que traz vantagem sobre os demais competidores, segundo
Tupinambá. “A logística de transporte de material nuclear é muito
difícil, então estar no mesmo continente é uma ajuda fantástica”, disse
ele.
Por causa da parceira, não será necessário investir em
ampliação da estrutura já existente para as futuras exportações. Cada
parceiro ficaria com uma etapa do processo: a INB ficaria com a primeira
etapa, de enriquecimento do urânio até 4,99%, a Marinha assumiria a
segunda etapa, de elevar o enriquecimento do urânio até 20%, e o Ipen
utilizaria esse urânio para a fabricação do urânio metálico, na terceira
e última etapa. O Ipen já fabrica urânio metálico para uso próprio de
seu reator de pesquisa.
Mineral
radioativo, o urânio é usado comercialmente na geração de energia
elétrica como combustível para os reatores nucleares de potência.
Segundo a INB, o Brasil tem a sétima maior reserva geológica de urânio
do mundo, o que permite o suprimento das necessidades domésticas no
longo prazo e de excedente para exportação.
As reservas estão
concentradas na Bahia, Ceará, Paraná e de Minas Gerais, com cerca de 309
mil toneladas de concentrado de urânio. A
única mina de urânio em operação no Brasil é a Mina do Engenho, em
Caetité, na Bahia (foto), com capacidade de produção estimada de 280 a 300 toneladas
de concentrado de urânio ao ano. A autorização para a operação foi dada
no ano passado, e está na fase inicial de retirada da primeira camada
de solo do local, anterior a lavra, conhecida como decapeamento do
minério.
Neste primeiro momento, cerca de 70 toneladas de urânio
devem ser extraídas, mas a meta é que a licitação para a lavra ocorra no
segundo semestre deste ano. “Essa atividade mineral é muito difícil e
onerosa, cada passo exige licenciamento. Estamos fazendo um esforço
enorme e temos tido sucesso para que esse contrato seja assinado ainda
neste ano”, declarou.
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