O setor portuário vivia um momento
de otimismo, com a publicação do Decreto dos Portos (nº 9.048), há nove dias,
modernizando o marco regulatório e impulsionando novos investimentos.
Agora, diante das incertezas causadas pelos recentes escândalos de
corrupção na política brasileira, a cautela deve imperar entre os
investidores, atrasando os projetos que eram planejados. A análise é de
especialistas do segmento.
No
último dia 10, com a publicação do decreto, empresários portuários
manifestaram otimismo com o mercado. Segundo eles, as mudanças
implantadas trouxeram maior segurança e previsibilidade ao setor.
Desde
a noite de quarta-feira, com a divulgação de conversas do presidente
Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex
presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ),o panorama
político é outro. E não é dos melhores.
“Todo
mundo está apreensivo. A sociedade, os investidores, todo mundo fica
apreensivo quando tem um terremoto dessa magnitude na área política,
como está acontecendo. Os atores políticos e os investidores precisam
separar o máximo possível essa crise da retomada do crescimento”,
destacou o consultor portuário Fabrízio Pierdomênico.
Para
ele, o fundamental,neste momento, é que, independente do Governo, os
ganhos do novo marco regulatório sejam perpetuados.Na sua visão, isso
ajudará o País a manter sua curva ascendente de crescimento.“Eu espero
que o decreto e o otimismo permaneçam, independente de toda a crise
política. É claro que a economia é sempre afetada com qualquer abalo
institucional. Isso é uma regra e acontece sempre que há uma crise
política. E a atividade portuária tem uma relação umbilical com a
atividade econômica”,destacou.
O
consultor Marcos Vendramini acredita que o cenário conturbado pode
causar atrasos nos planos federais de leiloar novos terminais
portuários. Mas esta possibilidade é mais evidente caso o presidente
Michel Temer deixe o Governo. “O que pode atrasar são as concessões, mas
se o Governo se mantiver,ou seja, ficando o Temer, ele mantém. Ele é o
maior interessado em ter uma agenda ousada,dinâmica de concessões. Para
se ter uma ideia, no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), se
trabalha com metas de concessão para o começo do próximo ano”.
Mesmo
diante desses problemas, Vendramini acredita que o setor é promissor,
desde que se tenha segurança jurídica, que, agora, está garantida no
novo Decreto dos Portos. “A vantagem do Porto é que, se o dólar sobe,
você exporta mais. Se o dólar cai, você importa mais. Dos dois jeitos
tem carga. Só mudao sentido”.
O
diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais Portuários
(ABTP), Wagner Moreira, disse que o receio dos investidores é uma
consequência natural do cenário político brasileiro. Mesmo assim, ainda é
difícil prever os impactos. “Esperamos que isso não afete os investimentos a
curto e médio prazos, embora saibamos que a reação internacional, de
queda do valor dos papéis no Brasil, faz os investidores pensarem. Mas,
por outro lado,as regras claras estabelecidas pelo novo decreto estão
trazendo segurança jurídica para os investimentos, redução de burocracia
e um novo ambiente”,afirmou.
Para o presidente da Federação Nacional dos
Portuários (Fenop),Sérgio Aquino, ainda é cedo para fazer previsões. Ele
considera o momento estratégico para o País, apesar da necessidade de
buscar instrumentos para garantir a vida e a sobrevivência do governo.
“O investidor não trabalha com imediatismo, exceto
onde há o chamado investimento especulativo. Mas o investimento de
estabilidade de que o Brasil precisa, em especial na questão portuária,
de infraestrutura, que é de longo prazo,(sobre ele) o investidor não
toma uma decisão por ímpeto. Ele espera o ambiente estabilizar para, aí
sim, poder analisar sem a poeira estar flutuando”.
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