A desvalorização do real ante o dólar está beneficiando a produção
de setores mais voltados ao mercado externo, afirmou André Macedo,
gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (2). Mas ele ressalvou que esse aumento não é
suficiente para salvar a indústria de novos resultados negativos. Por
isso, a atividade caiu 1,2% em agosto ante julho e, em 12 meses,
desacelerou a -5,7%, o pior resultado desde dezembro de 2009 (-7,1%).
"É claro que observamos, naquelas atividades mais voltadas para mercado
externo, alguma melhora. Contudo, ainda é insuficiente para reverter
trajetória descendente da produção, que está bem marcada", afirmou
Macedo. O setor de celulose e papel é o principal exemplo,
mencionou o gerente do IBGE. Em agosto, esse setor teve alta de 1,0% na
atividade ante igual período de 2014.
Na análise por quadrimestres, a
melhora é ainda mais evidente. Nos primeiros quatro meses de 2015, o
grupo celulose, dentro de bens intermediários, avançou 0,5% ante igual
período do ano passado. Já entre maio e agosto, a alta foi de 11,6% na
mesma base de comparação.
Outros produtos também têm mostrado
melhora em termos de exportação, pontuou Macedo, entre eles madeira,
aviões e produtos siderúrgicos. "Ainda assim, os desempenhos são
insuficientes para reverter a trajetória tanto da produção como um todo
quanto das atividades em que estão inseridos", relatou Macedo.
A
indústria brasileira está se distanciando cada vez mais de seu pico
histórico de produção, verificado em junho de 2013, argumentou André
Macedo. Em agosto deste ano, a atividade ficou 15,0% abaixo de seu ponto
máximo. Em julho, a produção estava 14,1% distante de seu pico
histórico. "Em termos de patamar, é como se a produção estivesse
operando em maio de 2009", comentou Macedo, lembrando que, na
esteira da crise mundial, a produção recuou 7,1% naquele ano. Agora,
com o resultado de agosto de 2015, a produção já acumula queda de 6,9%
no ano e recuo de 5,7% em 12 meses. Essa queda em 12 meses é a mais
intensa justamente desde dezembro de 2009.
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