terça-feira, 27 de outubro de 2015

Exportações do Brasil para os países árabes avançam 19% em 2015



         As exportações do Brasil para os 22 países representados pela Liga Árabe somaram 34,1 milhões de toneladas entre janeiro e setembro deste ano, um avanço de 19,01% na comparação com o mesmo período de 2014. Em valores, no entanto, elas renderam um total de US$ 9,085 bilhões, queda de 7,1% na mesma comparação. Os dados foram fornecidos pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), com base em estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
        Para o diretor-executivo da entidade, Michel Alaby, a desvalorização do preço das commodities foi responsável tanto pelo avanço nas compras como pela queda nas receitas. “O recuo no preço das commodities estimulou os árabes a comprar mais, já que a demanda continua firme. Por outro lado, afetou as vendas, dado que a pauta brasileira é 70% formada por commodities”, explica.
        As commodities minerais são um exemplo do fenômeno descrito por Alaby. Minérios, escórias e cinzas são atualmente o principal item da pauta em volume, com 20,3 milhões de toneladas no período. O resultado é um avanço de 30,93% em relação a janeiro e setembro de 2014. Em valores, dado que esses produtos têm uma desvalorização de 39% no ano, eles renderam em vendas US$ 1,059 bilhão, uma retração de 28,86% na mesma base de comparação, resultado que coloca os produtos na quarta posição da pauta.
        Alaby acredita que as vendas brasileiras aos árabes têm se sustentado por conta da demanda ainda grande nesses países. Na visão dele, diante de preços mais acessíveis, os árabes têm aproveitado para formar estoques de vários produtos, principalmente minérios. Entre janeiro e setembro, a venda de ferro fundido, aço e ligas cresceu 2654,9% em relação ao mesmo período ano passado. Cobre e derivados, 15.963%. Zinco, 3.750.200%.
        As commodities alimentares também tiveram avanço nos volumes embarcados por conta da demanda. Os embarques de carnes, o principal produto da pauta em receita, somaram no período 1,455 milhão de toneladas, avanço de 12,4%, com receitas de US$ 2,9 bilhões (aumento de 6,47% no período). Até o açúcar brasileiro encontrou novos mercados. O avanço das vendas em receita para a Tunísia (21,23%), Palestina (91,03%) e Sudão (40,60%) é creditada à commodity. O Iraque, que comprou 64,82% mais do Brasil, encontrou no País um fornecedor de boi em pé. Aliado a isso, o Brasil tem importado menos petróleo dos árabes, buscando o produto em outros fornecedores.
        Outro fator que impactou as receitas em menor medida foi o câmbio. Apesar do dólar alto ser favorável às exportações, a desvalorização acumulada de 60% do real nos últimos doze meses não tem produzido efeitos imediatos. “No mercado cambial, o problema é a alta volatilidade. O empresário fica esperando formar o preço, enquanto os exportadores tentam recompor as margens”, conta Alaby. Nessa queda de braço, ganha o dono do melhor preço. “Os árabes têm sido duros nas negociações, pedindo descontos sistemáticos a seus fornecedores”, acrescenta.

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