As exportações do Brasil
para os 22 países representados pela Liga Árabe somaram 34,1 milhões de
toneladas entre janeiro e setembro deste ano, um avanço de 19,01% na comparação
com o mesmo período de 2014. Em valores, no entanto, elas renderam um total de US$
9,085 bilhões, queda de 7,1% na mesma comparação. Os dados foram fornecidos pela Câmara de
Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), com base em estatísticas do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Para o diretor-executivo da
entidade, Michel Alaby, a desvalorização do preço das commodities foi
responsável tanto pelo avanço nas compras como pela queda nas receitas. “O recuo
no preço das commodities estimulou os árabes a comprar mais, já que a demanda
continua firme. Por outro lado, afetou as vendas, dado que a pauta brasileira é
70% formada por commodities”, explica.
As commodities minerais são
um exemplo do fenômeno descrito por Alaby. Minérios, escórias e cinzas são
atualmente o principal item da pauta em volume, com 20,3 milhões de toneladas
no período. O resultado é um avanço de 30,93% em relação a janeiro e setembro
de 2014. Em valores, dado que esses produtos têm uma desvalorização de 39% no
ano, eles renderam em vendas US$ 1,059 bilhão, uma retração de 28,86% na mesma
base de comparação, resultado que coloca os produtos na quarta posição da
pauta.
Alaby acredita que as vendas brasileiras aos árabes têm se
sustentado por conta da demanda ainda grande nesses países. Na visão dele,
diante de preços mais acessíveis, os árabes têm aproveitado para formar
estoques de vários produtos, principalmente minérios. Entre janeiro e setembro,
a venda de ferro fundido, aço e ligas cresceu 2654,9% em relação ao mesmo
período ano passado. Cobre e derivados, 15.963%. Zinco, 3.750.200%.
As commodities alimentares
também tiveram avanço nos volumes embarcados por conta da demanda. Os embarques
de carnes, o principal produto da pauta em receita, somaram no período 1,455
milhão de toneladas, avanço de 12,4%, com receitas de US$ 2,9 bilhões (aumento
de 6,47% no período). Até o açúcar brasileiro encontrou novos mercados. O
avanço das vendas em receita para a Tunísia (21,23%), Palestina (91,03%) e
Sudão (40,60%) é creditada à commodity. O Iraque, que comprou 64,82% mais do
Brasil, encontrou no País um fornecedor de boi em pé. Aliado a isso, o Brasil
tem importado menos petróleo dos árabes, buscando o produto em outros
fornecedores.
Outro fator que impactou as
receitas em menor medida foi o câmbio. Apesar do dólar alto ser favorável às
exportações, a desvalorização acumulada de 60% do real nos últimos doze meses
não tem produzido efeitos imediatos. “No mercado cambial, o problema é a alta
volatilidade. O empresário fica esperando formar o preço, enquanto os
exportadores tentam recompor as margens”, conta Alaby. Nessa queda de braço,
ganha o dono do melhor preço. “Os árabes têm sido duros nas negociações, pedindo
descontos sistemáticos a seus fornecedores”, acrescenta.
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