Os Estados Unidos e mais 11 nações com abertura para o oceano Pacífico
(Japão, Canadá, Chile, Austrália, Brunei, Malásia, Nova Zelândia,
México, Peru, Cingapura e Vietnã), com a assinatura do TPP
(Tratado de Associação Transpacífico), um acordo histórico de livre
comércio, podem prejudicar as exportações brasileiras que em um terço se destinam a estas nações. Esses países juntos representam 40% da economia mundial.
“O
Transpacific Partnership é o primeiro mega-acordo firmado em âmbito
global fora da OMC (Organização Mundial do Comércio). Os acordos até
então firmados fora da organização tinham um caráter regional, com
vistas a formar uma área de livre comércio ou uma união aduaneira. Mas o
TPP tem uma abrangência geográfica enorme, pois congrega os principais
países do Pacífico”, explicou Cynthia Kramer, advogada especialista em
comércio internacional do L.O. Baptista-SVMFA.
Segundo ela, o objetivo do acordo é facilitar as transações entre os
países signatários. “Foi uma forma encontrada pelos EUA de se aproximar
dos países do Pacífico, e isolar a China”, ressalta. Além de eliminar impostos, o TPP estabelecerá regras uniformes sobre a
propriedade intelectual das corporações, abrirá o fluxo de informação
pela internet entre as nações, inclusive no Vietnã, que é comunista; e
estabelecerá uma fiscalização única sobre o tráfico ilegal de animais e
crimes ambientais. Além disso, o tratado também visa diminuir a
influência chinesa na região.
Para Kramer, o acordo deve preocupar o Brasil, que precisa
ficar de olho aberto quando o assunto são as exportações.
“Aproximadamente um terço das exportações brasileiras são destinadas a
países signatários do TPP. Se esses países passarem a importar de seus
parceiros do TPP (em razão da simplicidade, menores tarifas e ausência
de barreiras), e não mais do Brasil, o Brasil terá que buscar novos
mercados para seus produtos”, ensinou, ressaltando ainda que outro
motivo para preocupações seria a atratividade de investimentos. Os investidores terão mais segurança em investir em um país parceiro do TPP do
que, por exemplo, no Brasil, esclareceu Kramer.
O acordo representou um importante marco no governo de Barack Obama (EUA), mas
ainda precisa ser aprovado no Congresso norte-americano, que deverá votar apenas em
2016. Outros países asiáticos, como a Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas,
além de sul-americanos, como a Colômbia, já expressaram interesse no
acordo.
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