quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Criação do megabloco comercial Transpacífico terá impacto na economia brasileira

         O acordo comercial concluído essa semana formando o maior bloco econômico do mundo terá impacto na economia brasileira. A criação do TTP (Tratado Transpacífico) faz nascer um megabloco reunindo as três pontas do oceano Pacífico: 5 países americanos (EUA, Canadá, México, Peru e Chile), 5 asiáticos (Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura e Brunei) e 2 da Oceania (Austrália e Nova Zelândia).
        O TTP é o acordo preferencial mais amplo e profundo já negociado na história. Reduzirá a zero 90% das tarifas dos bens comercializados entre os seus membros em 2017. Prevê ainda a integração das áreas de serviços, proteção a investimentos, compras governamentais, comércio eletrônico, telecomunicações, propriedade intelectual, concorrência, sanidade animal e vegetal, facilitação de comércio e regras trabalhistas e ambientais.
         Na área agrícola, cria mecanismos de consulta entre reguladores dos países para resolver questões ligadas a saúde, qualidade e segurança dos alimentos —a chamada "coerência regulatória", que visa aproximar leis e regulamentos dos países-membros. Esse aspecto pode ter um impacto muito maior do que a redução das tarifas de importação. Carnes, açúcar e lácteos serão os produtos mais impactados no Brasil.
         Com seus 30 capítulos, o TTP é um acordo de 3ª geração que vai criar fortes preferências e convergências nas múltiplas áreas citadas. A sua conclusão marca, agora oficialmente, o deslocamento da onda central da globalização do Atlântico para o Pacífico no século 21. O TTP é a estrutura institucional que vai moldar as cadeias de suprimento no Pacífico.
         A magnitude do novo bloco, para especialistas, obrigará Europa e China a se movimentarem mais rapidamente no grande xadrez global. A UE tem poucos acordos na Ásia e precisa acelerar. A China é atingida no coração da região onde estão os seus principais mercados e cadeias de valor.
        No caso do Brasil, os impactos serão profundos. A maior parte do comércio de manufaturas do país se dá nas Américas e mais de 50% das exportações do agronegócio dirigem-se hoje à Ásia. Ou seja, haverá impacto dos dois lados do Pacífico. 
       O curioso é que o Brasil foi pioneiro na construção da Organização Mundial do Comércio (OMC) e dos primeiros projetos de megablocos comerciais. Quinze anos atrás, Brasília negociava  a Rodada de Doha da OMC, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o acordo Mercosul-União Europeia. Mas as três iniciativas fracassaram. Imagem da Cidade Estado de Cingapura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário