Os calçadistas brasileiros não são os únicos que estão
preocupados com a ameaça representada pelo produto chinês. No último dia 4, o
Financial Times publicou matéria sobre a resistência da Itália quanto à iminente
possibilidade de a China ser reconhecida como uma economia de mercado a partir
do final de 2016, tornando proibidas as aplicações de ferramentas de defesa
comercial contra as práticas desleais impostas por aquele mercado. A pressão
italiana é para que a União Europeia siga retaliando práticas de dumping
chinesas, o que não seria possível se a China fosse reconhecida como uma
economia de mercado.
Na reportagem do jornal inglês, o Embaixador e vice-ministro italiano
para Desenvolvimento Econômico, Carlo Calenda, disse que o bloco de 28 países
europeus cometerá um erro se optar por um “desarme unilateral”. Advertiu que a medida deveria
provocar um aumento das práticas desleais.
O presidente-executivo da
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein,
que comemora o parecer favorável para a continuidade de investigação sobre
a extensão do direito antidumping contra o calçado chinês, publicado no final de
setembro, afirmou que a preocupação é legítima de todo o país que, como uma economia de
mercado, cumpre as condições de comércio estabelecidas no âmbito da Organização
Mundial do Comércio (OMC).
Segundo ele, para qualquer desses países a abertura
para o produto chinês traria enormes prejuízos econômicos e sociais. “A China,
definitivamente, não é uma economia de mercado, pois não cumpre minimamente as
condições estabelecidas no âmbito da OMC. Caso esse reconhecimento prospere sem
a implementação de mecanismos de defesa, teremos prejuízos irreparáveis para a
indústria do Ocidente, especialmente a de manufaturados, caso da calçadista”,
avalia.
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