quinta-feira, 30 de março de 2023

Lucros dos armadores globais batem recordes na história do transporte marítimo internacional


O lucro antes de juros e impostos (EBIT) das empresas de navegação nos últimos três anos teria excedido os ganhos combinados dos 63 anos de história do transporte de contêineres, totalizando US$ 208 bilhões em 2022, US$ 164 bilhões em 2021 e US$ 24 bilhões em milhões em 2020, de acordo com dados de uma nova análise publicada pela Sea-Intelligence. Além disso, o relatório estima que até 2023 o setor poderá acumular um EBIT de US$ 15 bilhões, devido à menor lucratividade devido ao menor volume de cargas e à queda nas tarifas de frete.

Contraditoriamente, as tarifas de frete, embora venham caindo constantemente nos últimos meses, ainda se encontram em patamares acima dos valores pré-pandemia. Por exemplo, na rota transatlântica da Europa para os Estados Unidos, o transporte de materiais está ajudando a manter as taxas altas devido à alta demanda - mais que o dobro das registradas antes do surto de Covid-19 - embora na rota transpacífica o transporte de contêineres os preços já voltaram aos valores pré-pandêmicos.

Embora consultores como Drewry mostrem quedas de até 30% nas tarifas na rota do norte da Europa para a costa leste dos Estados Unidos (Rotterdam-New York), com média de US$ 5.000 por unidade de quarenta pés, o que posiciona os valores registrou até 2,5 vezes acima das médias de 2019. O excesso de estoque nos armazéns e a falta de demanda do consumidor estão sendo as principais dificuldades na hora do aumento das tarifas, principalmente na rota da China para a costa oeste dos Estados Unidos.

Embora independentes entre si, a queda de tarifas em uma rota inevitavelmente acaba afetando a outra, estabelecendo uma tendência de queda nas tarifas arrastando todo o mercado para baixo. O problema, segundo analistas especializados, é que a queda das taxas spot tem um impacto de longo prazo nos contratos, favorecendo o mercado spot – que sempre estará oferecendo preços mais baixos – em detrimento dos altos valores acordados no contratos, perpetuando a queda das tarifas e comprometendo os lucros que as companhias de navegação usufruem atualmente.

O segredo do sucesso –ou pelo menos a fórmula para não cair ainda mais fundo– residiria na gestão da capacidade e velocidade de navegação, aliada a uma gestão adequada da oferta face à diminuição da procura, ao excesso de mercadorias armazenadas e à mudança de comportamento de consumo em relação aos alimentos e não aos bens. Não basta apenas considerar os fatores de transporte, como o valor do combustível, mas é importante lembrar as condições e o contexto do mercado para contribuir com a estabilização.

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