Sem perspectiva de novas encomendas, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS)
vai recorrer a instâncias políticas para tentar sobreviver. A direção do
empreendimento vai participar de sessões da Câmara dos Deputados, em
Brasília, para mostrar que, sem o apoio da Petrobras, pode fechar as
portas em meados do próximo ano, deixando mais de 3,6 mil pessoas
desempregadas em Pernambuco. E as reuniões já começam na próxima semana,
devido à possibilidade de contratação de novos navios para exploração
do Pré-Sal.
O presidente do EAS, Harro Burmann explicou que, ao entregar uma nova
plataforma de petróleo à Bacia de Santos no início do mês, a Petrobras
deu sinais de que iria colocar mais unidades para a exploração do
pré-sal nos próximos anos. Nada disso, no entanto, foi negociado com os
estaleiros nacionais até então. Ao contrário, segundo Burmann, o texto
inicial da licitação que vai contratar essas plataformas parece não
priorizar a indústria naval brasileira. Por isso, o Estaleiro vai ao
Congresso Nacional pedir que a Petrobras dê condições de competitividade
aos estaleiros locais nesse negócio.
“A Petrobras está para anunciar uma demanda fantástica de navios para
o Pré-Sal. Há uma expectativa de demanda de 37 a 39 FPSO’s e de 15
navios aliviadores. E há uma licitação prevista para os próximos dias.
Só que ela não especifica nada sobre conteúdo local ou bandeira
brasileira. Ou seja, não nos dá chance de competir nas mesmas condições
dos players internacionais, que não pagam imposto, têm aço subsidiado,
mão de obra subsidiada e dinheiro mais barato para financiar a
produção”, denunciou Burmann, sugerindo duas saídas para este problema: a
exigência de 40% de conteúdo local ou a equalização de impostos nessa
licitação. “Sem isso, o Brasil não vai ter chance de ter um navio nesse
negócio. Seremos excluídos porque não teremos as mesmas condições de
competição”, afirmou o presidente do EAS, dizendo que, nos termos
atuais, a produção, a arrecadação e os empregos gerados pelos navios
serão “exportados” para o exterior.
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