A China Merchants
Port Holding (CMPorts), depois de mais de um ano de negociações, anunciou neste domingo, 3, a compra de 90% do
Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e a empresa de serviços
logísticos TCP Log, por R$ 2,9 bilhões (US$ 925 milhões). A transação
envolveu 90% dos ativos portuários. O fundo americano Advent, que tinha
50% da TCP, vendeu toda sua fatia. Os acionistas restantes – as empresas
espanholas Galigrain e TCB –, também saíram do negócio. Já os três sócios
fundadores: Pattac, Soifer Participações e TUC Participações Portuárias
vendem parte das ações, mas ficam, juntos, com 10% restantes dos
ativos.
A transação avaliou o TCP em cerca de R$ 3,2 bilhões e a conclusão da
operação está prevista para até o fim de 2017, após passar por crivo
regulatório e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Fundado em 1998, o terminal brasileiro é considerado um dos mais modernos no País e tem bom potencial de crescimento.
Nos últimos anos, recebeu altos investimentos na renovação de
equipamentos e na infraestrutura local, o que melhorou de forma
expressiva a produtividade da empresa. O terminal tem capacidade para
movimentar 1,5 milhão de teus (unidade equivalente a um contêiner de 20
pés).
Hoje, o TCP é o terceiro maior terminal de contêineres do
País, atrás apenas de Santos Brasil e Brasil Terminal Portuário (BTP),
ambos no Porto de Santos. O terminal também detém o maior número de
tomadas refeer – infraestrutura exigida para a manutenção de contêineres
de produtos refrigerados, como carnes – do País.
Nos últimos meses, o TCP estava sendo alvo de cobiça de vários
investidores. Além da estatal chinesa, o grupo árabe Dubai Port World
(DP World) estava no páreo. A ideia original dos acionistas era abrir o
capital do TCP ou vender apenas uma fatia a investidores privados. No
entanto, a boa demanda pelo negócio levou os controladores a rever essa
estratégia. No ano passado, o TCP contratou os bancos BTG Pactual e
Morgan Stanley para assessorá-lo nas negociações. O grupo China
Merchants contratou o banco Santander.
Em comunicado ao mercado, a China Merchants informou que “a entrada
na América Latina, especialmente no Brasil, é crucial para a expansão
global de sua rede de terminais”. A CMPort é uma das maiores operadoras
globais de terminais de contêineres, com movimentação total de mais de
95 milhões de teus em 2016.
A gigante chinesa possui operações na Ásia e detém, ainda, terminais
de contêineres em países como Estados Unidos, África e Europa. O presidente da TCP, Luiz Antonio Alves, vai permanecer na empresa,
de acordo com o comunicado ao mercado. Em nota, Alves disse que a
entrada do novo controlador contribuirá para a nova fase de crescimento
da TCP. “O Advent e os sócios-fundadores tiveram um papel fundamental,
suportando a transformação operacional da empresa.”
O fundo Advent, que tem feito importantes aquisições
no Brasil entre o fim do ano passado e este ano, decidiu vender sua
participação para investir em novos negócios dentro e fora do Brasil. A
gestora comprou o controle do TCP em 2011, por R$ 650 milhões. Com essa
transação, vende o negócio por R$ 1,6 bilhão.
A gestora comprou recentemente participação relevante na Estácio para
voltar a ser uma consolidadora no setor de educação, a exemplo do que
fez na Kroton Educacional há alguns anos. No fim do ano passado, o
Advent comprou uma faculdade no Rio Grande do Sul. O fundo também tem
sido atuante em operações financeiras, com a aquisição da Easynvest.
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