O Estado de Santa Catarina conta com cinco portos, mais o terminal lacustre de
Laguna, e poderá ter outros dois num futuro não tão distante assim. Os catarinenses são vice-líderes na movimentação de contêineres no Brasil, respondendo
por 19% do total nacional, atrás apenas de São Paulo. E, dos 10 melhores portos
brasileiros no ranking de desempenho, quatro são locais. Ainda
assim, há problemas decorrentes da insuficiência de investimentos – o
que, aliado a dificuldades de acesso viário, opera na contramão das
vantagens que a orla de Santa Catarina oferece em relação a complexos de
outros Estados.
O caso da foz do rio Itajaí-Açu é emblemático. Ali, o berço três
(carro-chefe do porto) está atrasado, mas em obras, e teve ter
concluídos os trabalhos na bacia de evolução no final de novembro. Já a
dragagem do berço quatro só vai ficar pronta em maio de 2018, com
possibilidade de antecipação da data, dependendo dos resultados de
testes a serem feitos daqui a dois meses. As obras vão ajudar também o
porto de Navegantes, no lado oposto do rio, operado pela Portonave. Em
Itajaí, apesar do grande movimento, o déficit mensal é de R$ 700 mil
desde os dois berços se tornaram inoperantes, em 2014. O prazo inicial
para a recuperação era agosto de 2015.
O prejuízo é incompatível com o potencial do terminal, cujas
atividades cresceram 1.500% de 1995 a 2015, ajudando a transformar o
perfil da cidade, hoje com um PIB (Produto Interno Bruto) de fazer
inveja a municípios mais populosos, como Blumenau e Criciúma. Um berço
foi perdido na enchente de 2008, a última grande cheia do maior rio
catarinense que deságua no Atlântico. De acordo com o superintendente do
porto, Marcelo Salles, parte de atracação, prejudicada pela inundação
seguinte, de 2011, ainda espera ser concluída. “E há lajes que ruíram na
grande enchente de 1983 e continuam ali, a 25 metros de profundidade”,
ressalta.
Também permanece na gaveta o projeto de mudança no acesso, que
tiraria o movimento de cargas pesadas na área central da cidade. E,
exceto a BR-101, as rodovias de acesso na região não têm pista
duplicada, o que causa grandes transtornos em horários de pico.
O atraso dos repasses federais, orçados em R$ 56 milhões para os dois
berços, vem aumentando o passivo do porto, mas a expectativa do
superintendente é de receitas adicionais quando os serviços estiverem
prontos. De sua parte, o Estado investe R$ 105 milhões na bacia de
evolução, com aportes do BNDES. Também há projetos para alargar a boca
da barra em 170 metros, permitindo a entrada de navios com até 400
metros de comprimento. Outra necessidade é aumentar a retroárea, até
chegar a 300 mil metros quadrados.
Se Itajaí tem pressa para retomar a plena operação e a volta da
estabilidade financeira, em Imbituba tudo corre muito bem. O Estado
assumiu o empreendimento em 2012 e investiu no aprofundamento do calado,
deixando-o apto a receber navios como o Cap. San Juan, da Hamburg Süd,
que na primeira semana de setembro incluiu o terminal do Sul catarinense
na linha de longo curso que faz para a Ásia.
“Temos a maior profundidade entre os portos públicos do Sul e
Sudeste, nossas operações praticamente não são afetadas por mudanças
climáticas na região e há uma importante facilidade de acesso, tanto
terrestre quanto aquaviário, que se destacam em Santa Catarina”, diz o
diretor-presidente da SCPar Porto de Imbituba, Rogério Pupo Gonçalves.
Hoje, ele pode movimentar até 500 mil TEU (unidade correspondente a um
contêiner de 20 pés) por ano, o que atesta o crescimento da importância
do porto.
“Imbituba vai se tornar cada vez mais atraente e conta com a
conclusão das obras na BR-285, na Serra da Rocinha, que passa por Turvo e
Timbé do Sul, para atrair cargas do Rio Grande do Sul”, diz o
secretário de Estado da Infraestrutura, Luiz Fernando Vampiro. Outra boa
perspectiva que se abre com essa rodovia é que ela encurta em mais de
270 quilômetros a distância entre o Oeste catarinense, grande produtor e
exportador de proteína animal, e Imbituba. O governo estadual está
colocando asfalto cimentício no acesso, considerando as especificidades e
o peso das cargas. No mês de junho deste ano o porto bateu o recorde de
operações, movimentando 490,5 mil toneladas de carga.
Itajaí – Terceiro do Brasil em movimento e primeiro em carga refrigerada de contêineres
São Francisco do Sul – Quarto do Brasil no complexo de soja e quinto em movimentação de contêineres
Imbituba – Em expansão, embarca produtos químicos, fertilizantes, coque (derivado de carvão), congelados e açúcar
Laguna – Porto pesqueiro
Navegantes – Porto privado, iniciou as operações em 2007 e é administrado pela Portonave S. A.
Itapoá – Porto privado, tem ampla possibilidade de expansão, mas carece de melhor acesso à BR-101
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