O I
Congresso de Direito Marítimo Portuário iniciou nesta terça-feira (24), em
Santos, no auditório da Associação Comercial de Santos. O destaque na abertura
foi o painel "Perspectivas do setor portuário e o posicionamento do Porto
de Santos na logística nacional", com palestra do presidente da Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Casemiro Tércio de Carvalho.
O representante da Autoridade
Portuária defendeu a modernização do Porto de Santos e que haja essa
proatividade por parte daqueles envolvidos na comunidade portuária. "Porto
não pode ser mais o do saco de açúcar em cima do ombro. Você vai em outros
portos no mundo e não tem uma pessoa no cais, é tudo automatizado. Mas essa mão
de obra está em algum lugar fazendo isso aí. Não há uma pessoa no costado, mas
existem 500 engenheiros num prédio fazendo a programação", comentou
Carvalho.
"Temos que fazer isso porque, se
não for Santos, algum outro porto na costa brasileira vai assumir essa
responsabilidade", emendou. O presidente da Codesp citou, por exemplo, a
universalização da tecnologia em contêiner. "Adotamos isso, no primeiro
ponto, para combater o tráfico de drogas. Somos os maiores exportadores de
cocaína do mundo. Mas a ideia é monitorar a carga em toda a cadeia de negócio.
Você entrega ao cliente outro serviço, que é o monitoramento", disse o
Casemiro Tércio.
Segundo ele, as conversas com os
terminais tem avançado no sentido desta universalização. O presidente da Codesp
defendeu que haja maior agilidade nesta busca pela modernização. De acordo com
ele, o "porto 4.0 está virando 5.0 e a gente nem desenvolveu o 3.0". "Por
que a gente continua cadastrando trabalhador portuário em Santos prometendo
novos postos de trabalho?", questionou, relembrando que a Prefeitura de
Santos e a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA)
estão promovendo hackathons para desenvolvimento de novas tecnologias.
"A ideia é pegar essa molecada
que está saindo da faculdade, com sangue nos olhos, e buscar soluções para o
Porto. Estamos trocando a operação clássica pela modernidade. Os melhores
programadores estão no Brasil. Empatamos com os indianos. Exportamos cérebro. O
problema é que não conseguimos capturar e deixar ele no Brasil”, emendou. Casemiro
Tércio também adiantou alguns pontos. Segundo ele, o Plano de Desenvolvimento e
Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos deve ficar pronto no mês de outubro.
O chefe da Autoridade Portuária
destacou que outros lugares do mundo já discutem navios de 400 metros de
comprimento. Mas, em Santos, ainda se fala em 366 metros. "Já era para
aumentar esse comprimento. Estamos fazendo estudos para, no que vem, propor o
alargamento do canal no máximo possível, e aprofundamento do calado para, pelo
menos, 17 metros", comentou.
De acordo com Carvalho, a Codesp tem
"apertado o cinto no último buraco, com a revisão de contratos e das
tarifas pagas no Porto de Santos. "A Transpetro, por exemplo, paga R$ 28
milhões e, na nossa conta, deveria pagar em torno de R$ 400 milhões. Vamos
levar isso ao Conselho de Autoridade Portuária (CAP) porque nunca foi feito uma
conta de fato", disse.
"O que é utilizado por um navio
no canal? A profundidade, a largura e planos de contigência. Tenho cobrado a
segurança na operação do canal. Quem pagaria mais? O maior navio. O que um
portêiner paga é muito pouco em comparação a um graneleiro", concluiu.
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